São Paulo, segunda-feira, 19 de dezembro de 2005

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MÚSICA

2005 ficará marcado pela consolidação da música britânica; entenda como o mundo se rendeu ao reino

Brit definitivamente pop

LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um grupo de integrantes do Radiohead com um dos ídolos do britpop, Jarvis Cocker, ex-vocalista do Pulp, brilha no Baile de Inverno de Hogwarts em "Harry Potter e o Cálice de Fogo".
O comercial americano do PSP (o PlayStation Portable), exibido à exaustão na última transmissão dos X Games, nos EUA, tem como trilha "Take Me Out", da banda escocesa Franz Ferdinand; na mesma TV americana, uma propaganda de jeans mostra jovens correndo ao som de "Na Na Na Na Naa", dos ingleses do Kaiser Chiefs.
Isso sem falar do primeiro lugar da parada yankee conquistado por Coldplay e o disco "X & Y", do aclamado segundo CD do projeto Gorillaz, "Demon Days", e até da enxurrada de bons lançamentos de rock do Reino Unido que aportaram nas lojas de discos do Brasil, como os CDs de Bloc Party, Baby Shambles, The Coral, Sons & Daughters, Doves, The Veils...
A verdade é que o rock de 2005 ficará marcado pela dominação britânica, iniciada no ano anterior com o megasucesso do álbum de estréia do Franz Ferdinand (que deverá finalmente tocar por aqui em 2006), considerado uma resposta para as novas bandas americanas do início da década, como Strokes e White Stripes, que só ajudaram a aumentar ainda mais a neblina que cobria a já fraca iluminação do britpop.
Uma das bandas que se projetou neste ano graças ao "efeito Franz Ferdinand" é a londrina The Kills, que se apresentou por aqui em um festival de rock e teve o segundo disco, "No Wow", lançado no Brasil.
"Algumas bandas vieram da cena independente dos EUA e cruzaram a barreira do "mainstream", como White Stripes e Strokes. Então, era uma questão de tempo haver uma onda de bandas vindas da Inglaterra. Foi preciso uma banda, o Franz Ferdinand, assinar contrato e estourar no mundo inteiro para isso acontecer. Isso fez com que as gravadoras corressem atrás de bandas de rock britânico", explica Jamie "Hotel" Hince, guitarrista do Kills.
Para Hotel, as bandas sempre existiram, mas permaneciam no underground. "Nós somos a prova disso: estávamos lá e não conseguíamos chegar a nenhum lugar. Mas todos estavam por lá. Já vi show da antiga banda do Alex Kapranos [do Franz]. Havia somente 15 pessoas na platéia."
Paul Thompson, baterista do Franz Ferdinand, é modesto ao falar da influência de sua banda. "Se não tivéssemos surgido, eles [os novos grupos britânicos] ainda assim teriam aparecido. Talvez o nosso sucesso tenha aberto portas a bandas como essas, mas não foi essencial para que existissem", disse, em entrevista ao Folhateen.
O baterista do Keane, Richard Hughes, também não acredita no "efeito Franz". Ele acha que foi o talento do trio dele que o fez estourar por todo o planeta com as músicas delicadas do álbum de estréia, "Hopes and Fears", como os hits "Somewhere Only We Know" e "Everything's Change".
"Tivemos a chance de lançar nosso disco porque escrevemos boas músicas, fazemos shows, tocamos no rádio, lançamos dois singles por selos independentes e eles se saíram muito bem", explica Richard.
Amostra perfeita da sede de novidades britânicas que as gravadoras mataram em 2005 é o grupo inglês Kaiser Chiefs (leia entrevista com o vocalista à pág. 10). Com menos de um ano de existência, a banda já estava muito bem contratada pela Universal.
"Nós fazemos parte de um grupo de artistas que está preocupado em fazer um som realmente britânico. Nos últimos anos, a parada de discos inglesa estava dominada por música de americanos, suecos e australianos. Queríamos fazer o oposto daquilo. Acho que o sucesso das bandas britânicas só ocorreu por causa dessa nossa reação", afirma o baixista Simon Rix.
E 2006 promete não ser diferente. Algumas dessas bandas deverão pintar para shows por aqui, como o Bloc Party, e outras ainda aproveitarão o "efeito Franz". Conheça as mais legais na página ao lado.


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