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MÚSICA
2005 ficará marcado pela consolidação da música britânica; entenda como o mundo se rendeu ao reino
Brit definitivamente pop
LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um grupo de integrantes do Radiohead com um dos ídolos do britpop, Jarvis Cocker, ex-vocalista do
Pulp, brilha no Baile de Inverno de Hogwarts em "Harry Potter e o Cálice de Fogo".
O comercial americano do PSP (o PlayStation Portable), exibido à exaustão na última transmissão dos X Games, nos EUA,
tem como trilha "Take Me Out", da banda
escocesa Franz Ferdinand; na mesma TV
americana, uma propaganda de jeans mostra jovens correndo ao som de "Na Na Na
Na Naa", dos ingleses do Kaiser Chiefs.
Isso sem falar do primeiro lugar da parada yankee conquistado por Coldplay e o
disco "X & Y", do aclamado segundo CD
do projeto Gorillaz, "Demon Days", e até
da enxurrada de bons lançamentos de rock
do Reino Unido que aportaram nas lojas de
discos do Brasil, como os CDs de Bloc
Party, Baby Shambles, The Coral, Sons &
Daughters, Doves, The Veils...
A verdade é que o rock de 2005 ficará
marcado pela dominação britânica, iniciada no ano anterior com o megasucesso do
álbum de estréia do Franz Ferdinand (que
deverá finalmente tocar por aqui em 2006),
considerado uma resposta para as novas
bandas americanas do início da década, como Strokes e White Stripes, que só ajudaram a aumentar ainda mais a neblina que
cobria a já fraca iluminação do britpop.
Uma das bandas que se projetou neste
ano graças ao "efeito Franz Ferdinand" é a
londrina The Kills, que se apresentou por
aqui em um festival de rock e teve o segundo disco, "No Wow", lançado no Brasil.
"Algumas bandas vieram da cena independente dos EUA e cruzaram a barreira
do "mainstream", como White Stripes e
Strokes. Então, era uma questão de tempo
haver uma onda de bandas vindas da Inglaterra. Foi preciso uma banda, o Franz Ferdinand, assinar contrato e estourar no
mundo inteiro para isso acontecer. Isso fez
com que as gravadoras corressem atrás de
bandas de rock britânico", explica Jamie
"Hotel" Hince, guitarrista do Kills.
Para Hotel, as bandas sempre existiram,
mas permaneciam no underground. "Nós
somos a prova disso: estávamos lá e não
conseguíamos chegar a nenhum lugar. Mas
todos estavam por lá. Já vi show da antiga
banda do Alex Kapranos [do Franz]. Havia
somente 15 pessoas na platéia."
Paul Thompson, baterista do Franz Ferdinand, é modesto ao falar da influência de
sua banda. "Se não tivéssemos surgido, eles
[os novos grupos britânicos] ainda assim
teriam aparecido. Talvez o nosso sucesso
tenha aberto portas a bandas como essas,
mas não foi essencial para que existissem",
disse, em entrevista ao Folhateen.
O baterista do Keane, Richard Hughes,
também não acredita no "efeito Franz". Ele
acha que foi o talento do trio dele que o fez
estourar por todo o planeta com as músicas
delicadas do álbum de estréia, "Hopes and
Fears", como os hits "Somewhere Only We
Know" e "Everything's Change".
"Tivemos a chance de lançar nosso disco
porque escrevemos boas músicas, fazemos
shows, tocamos no rádio, lançamos dois
singles por selos independentes e eles se
saíram muito bem", explica Richard.
Amostra perfeita da sede de novidades
britânicas que as gravadoras mataram em
2005 é o grupo inglês Kaiser Chiefs (leia entrevista com o vocalista à pág. 10). Com menos de um ano de existência, a banda já estava muito bem contratada pela Universal.
"Nós fazemos parte de um grupo de artistas que está preocupado em fazer um som
realmente britânico. Nos últimos anos, a
parada de discos inglesa estava dominada
por música de americanos, suecos e australianos. Queríamos fazer o oposto daquilo.
Acho que o sucesso das bandas britânicas
só ocorreu por causa dessa nossa reação",
afirma o baixista Simon Rix.
E 2006 promete não ser diferente. Algumas dessas bandas deverão pintar para
shows por aqui, como o Bloc Party, e outras
ainda aproveitarão o "efeito Franz". Conheça as mais legais na página ao lado.
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