São Paulo, segunda-feira, 19 de dezembro de 2005

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Neurônio

Jô Hallack
Nina Lemos
Raq Affonso

Nossos melhores do ano

Adoramos fazer listas, mas geralmente são listas mais estúpidas, tipo "cortes de cabelo que achamos verdadeiramente horríveis" ou "cem motivos para achar graça de qualquer situação". Quando nos avisaram que esta edição do Folhateen seria sobre música, nos sentimos o próprio Nick Hornby. Afinal, não há nada melhor no mundo do que freqüentar shows. Infelizmente, por causa dessa crença, uma de nós escreve esta coluna com o ouvido semi-surdo, após ver um show de rock.
Show do ano: Iggy Pop. Tem gente que diz que o cara já era, que se transformou num pastiche dele mesmo. A gente amou e tem obrigação moral de dar o troféu para ele, já que sempre é citado em nossas colunas. E não é por acaso. Iggy é o exemplo do homem perfeito! Ou seja, usa calça da Gang, xinga iluminadores e canta "No Fun". A trilha sonora de todos os momentos de solidão da nossa vida. Agora mesmo vamos ouvir Iggy!
Frase mais estúpida do ano: a que uma de nós ouviu no show do Iggy. Uma patricinha se virou para a outra e falou. "Eu acho que ele é bi." E a outra respondeu: "Você sabe que homem bi não existe". Dá vontade de dizer: "Hellooo! Ele catou o David Bowie, catou o Lou Reed, que era casado com um travesti. Tá bom para vocês?".
Banda nova: é uma que vamos descobrir amanhã, porque temos medo de falar alguma coisa e as pessoas falarem. "Elas acham isso banda nova?" Isso já datou faz 24 horas!!!
Revival que odiamos: o dos anos 80. Com todos as nossas forças.
Revival dos anos 80 que mais odiamos: o do Aborto Elétrico. Aborto Elétrico com Dinho Ouro Preto nos vocais não dá. O Dinho é fofo e tudo. Mas a banda foi criada pelo RENATO. E o pior é a divulgação. Espalharam por São Paulo o símbolo da banda, o AE com o nosso amado A de anarquia! Isso quem fazia era o Renato, em Brasília. Sim, viva o Renato!
Revival que amamos: o da banda nova que datou há 24 horas porque, como somos atrasadas, só descobrimos quando virou um revival. Isso foi há duas horas.
Garoto de banda do ano: nenhum. Neste ano, decretamos que nossa atração por esse tipo de pessoa é muito anos 80. Chega de homens-jam. Nosso homem ideal agora é um otorrinolaringologista. Esse negócio aí que é tão difícil de falar e que só conseguimos escrever com a ajuda do corretor ortográfico e, mesmo assim, depois de três tentativas. Pelo menos ele vai cuidar da gente na surdez precoce adquirida após muitos shows.
Homem da música do ano: Chico Buarque. Porque ele passou na frente do carro de duas de nós na semana passada. Sofremos o efeito Chico Buarque e ficamos felizes pelo resto do dia. É a famosa droga "serotonina Buarque".
Mico do ano: a gente não ter até agora um iPod. Sabemos que é ridículo se sentir "out" por causa disso. Mas é mais forte do que nós. Poderíamos até comprar um, mas preferimos não comprar e ficar nos sentindo mal com isso.

momentos de histeria

Aumenta o som e toca mais rápido

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