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Gênio da matemática entra na faculdade à base de xaveco
Que tal entrar na faculdade, aos 12 anos de
idade, na base do xaveco? E mais: aos 20, já
ter concluído o doutorado em matemática
em uma das universidades mais prestigiosas
do mundo? Tudo isso, é bom frisar, sem nunca ter frequentado colégios normais.
Pois essa história sensacional é a vida de
Erik Demaine, um fenômeno que completa
22 anos em fevereiro e já é o mais jovem professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o famoso MIT, uma das mais respeitadas instituições de
ensino do mundo.
Em entrevista à revista inglesa "New
Scientist" (www.
newscientist.com),
Erik conta que o máximo de tempo que
passou em um colégio foi um mês, em Miami (EUA), porque estava a fim de uma menina.
Ele sempre levou vida nômade, viajando
com o pai atrás de feiras de artesanato pelos
Estados Unidos. Segundo Erik, ele e o pai decidiam passar um tempo mais longo só nos
lugares que julgavam interessantes.
Como bons americanos, Erik e o pai estão
certos de que todo problema tem uma solução -e que essa solução deve estar em algum
livro. Assim, o velho comprou manuais de ensino caseiro para dar aulas para o filho.
Logo o menino notou que, se estudasse sozinho, sem o pai, aprenderia ainda mais.
Erik acha que escolas comuns perdem muito tempo com recreio e intervalos de aula,
além de terem muitos alunos na sala. Aprendendo sozinho, lembra ele, dá para dedicar
mais horas ao estudo, inclusive no verão,
quando os outros jovens estão em férias.
A especialidade de Erik como pesquisador
é... origami computacional! Ele estuda a matemática que está por trás das dobraduras japonesas (que partem de um objeto de duas dimensões -o papel- para chegar a figuras
tridimensionais). Ainda assim, em seu currículo (theory.lcs.mit.edu/edemaine/), ele
lista origami simplesmente como "hobby".
Voltando à infância do menino, um belo dia
ele começou a curtir videogames e perguntou
ao pai como os jogos eram bolados. O pai respondeu que, para criar jogos, era preciso
aprender programação de computador. O velho -é claro!- comprou livros para ensinar
o moleque que, mais uma vez, aprendeu rápido e começou a estudar sozinho.
Aos 12 anos, Erik percebeu que já tinha chegado ao máximo de conhecimento que atingiria sozinho. Foi aí que resolveu pedir vaga na
universidade Dalhousie, na cidade canadense
de Halifax (que aliás produz bandas muito
boas, mas isso é outra história).
A faculdade teve de mudar regulamentos,
que previam a entrada, apenas, de maiores de
16 anos. Dali para o doutorado foi um passo.
Rapidamente, o garoto genial foi identificado
pelo MIT, que o contratou como professor-assistente de engenharia elétrica e da computação. Detalhe: o pai foi contratado também,
já que agora, quase aos 60 anos, está se especializando em matemática!
A história de Erik não tem a ver com música, tema habitual desta
coluna. Mas tem a ver
com uma coisa essencial: liberdade. Espero
que tenha gostado.
Álvaro Pereira Júnior, 39, é editor-chefe do "Fantástico" em São Paulo
E-mail: cby2k@uol.com.br
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