São Paulo, segunda, 20 de julho de 1998

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Meio fada, meio bruxa, Syang dá um tempo do P.U.S. e lança CD solo

RICARDO FOTIOS
do Universo Online

Simone Dreyer Peres, 28, ficou conhecida por Syoung, a virtuosa e barulhenta guitarrista das bandas Detrito Federal e P.U.S. Agora ela é a cantora e compositora Syang, que prepara o primeiro CD solo. E não foi só a grafia do nome que mudou.
Ao som do rhythm'n'blues das backing vocals de Barry White, a nova candidata a estrela pop conta, com exclusividade para a Folha, como será o seu disco, que chega às lojas em setembro.
"A cabeça da gente muda muito, principalmente depois dessa fase dos 17 aos 20 anos. E o pop para mim significa não ter limites musicais. Eu sempre gostei de Madonna, por exemplo. Conheço todas as músicas dela", assume, cantarolando "Like a Virgin". "Sempre fui assim, meio bruxa, meio fada. Rebelde e meiga ao mesmo tempo."
Decorado com guitarras e bichos de pelúcia, o "flat" no Leblon, no Rio de Janeiro, onde Syang está morando há três meses com Ronan -seu namorado há 11 anos-, retrata mesmo essa mulher com postura adolescente, que quer misturar suas guitarras às baladas românticas que compõe.
"O disco vai ser verdadeiro pra caramba. É o que sou hoje. Eu sempre ouvi de tudo e agora posso admitir e provar isso. Aos 12 anos, ganhei a primeira guitarra e comecei a ouvir AC/DC. Abandonei o lado pop que tinha na infância e caí no heavy metal de vez. Coisa de adolescente, né?", conta Syang, mostrando a tatuagem com o rosto do guitarrista Angus Young, do AC/DC, de quem emprestou seu antigo nome artístico. E defende a nova grafia: "Syang é mais simples, direto. Além de ser mais brasileiro e fácil de ler. E a sonoridade continua igual".
E o disco deve vir recheado dessa "verdade" que a cantora diz ter atingido. "É assim, meio violão e voz. Sem muita coisa eletrônica misturada."
Ao mesmo tempo, ela afirma que a nova fase não vai assustar os seus antigos fãs. "As músicas têm a minha guitarra, a mesma do P.U.S., mas aqui são as minhas músicas, eu cantando. É pop rock", resume.
Para Syang, cantar para um público mais amplo é fundamental. "É tão bom se libertar disso tudo, dessa coisa de fazer música pensando em meia dúzia de gatos-pingados. Quero que todas as pessoas me ouçam, quero tocar em rádio, participar de programas de televisão, quero viver da minha música."
Mesmo assim, garante que não vai perder sua característica rebelde, que ela mesma compara à da canadense Allanis Morisette.
"Acho que a geração de hoje é diferente. Você vê que a molecada tem o cabelo pintado, piercing no nariz, mas está namorando, falando de paixão. Na minha época, a gente também sentia amor, mas não externava. Tinha de ser tudo meio pauleira, feroz. Hoje eu consigo falar "eu te amo' e "amo Deus', coisas que eu não fazia antes", afirma.
Se em sua vida convivem a experiência e a juventude, na música Syang escolheu o caminho das estrelas. Para tanto, conta com uma equipe peso pesado do pop nacional. Além do produtor Carlos Trilho (Legião Urbana e Renato Russo, entre outros), Kiko Zambianchi aparece com uma composição e toca violões.
Lee Marcucci (Rita Lee, Rádio Táxi, Tutti-Frutti) faz um dos baixos, e o batera Alexandre Fonseca também está entre os músicos. O repertório de 11 músicas tem 9 inéditas, todas de sua autoria.
"Fiquei 11 anos tocando com a mesma galera e aí senti a necessidade de tocar com outras pessoas. Tinha vontade de fazer outro tipo de som. A gente tá dando um tempo com o P.U.S. pra todo mundo ver qual é a sua. O Ronan também está trabalhando sua carreira solo", justifica.
Depois de um papo liderado pela fada, a bruxa Syang pede licença e dá o recado final: "Tudo o que eu sempre sonhei eu fui conseguindo realizar, aos poucos, com paciência e trabalho. A gente tem de acreditar nas coisas que quer. Se eu seguisse a vontade da minha família, seria hoje uma madame, casada com um príncipe rico. Mas sempre fui do contra. Eu vim para revolucionar essa porra mesmo. Eu tenho sempre que fazer uma bagunça", admite.



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