São Paulo, segunda, 20 de julho de 1998

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estréia nacional
Júpiter Maçã faz psicodelia dos anos 60 com cara dos 90 em "A Sétima Efervescência"

Divulgação
Júpiter Maçã lança nacionalmente o disco "A Sétima Efervescência"


BRUNA MONTEIRO DE BARROS
da Reportagem Local

Não é um personagem, não é um alter ego. "Júpiter Maçã é só um pseudônimo", define o gaúcho Flávio Basso, que lança nacionalmente o disco "A Sétima Efervescência", que, há um ano e meio, já circula por Porto Alegre, por selo independente.
Definida por ele mesmo como psicodélica, a música de Júpiter faz, por meio do aparato técnico, o som dos anos 60 parecer "coisa do futuro". "A minha essência é a de um cara contemporâneo. Faço o que as pessoas fazem hoje. Uso recursos analógicos que esquentam a música e interferem na atmosfera", diz Júpiter.
Vindo da cena roqueira -integrava a banda Cascavelettes nos anos 80- , Flávio teve seu momento de introspecção. Encheu-se de tudo o que fazia e resolveu ficar sozinho. Ouvia muito Bob Dylan e Byrds e chegou a compor muitas músicas só com violão e gaita. "Não tinha compromisso com banda, podia fazer do meu jeito."
Foi nessa época que Flávio desenvolveu o jeito de Júpiter escrever. Assumiu o lado mais psicodélico e aprendeu a dizer de maneira diferente as coisas que pensava.
Garante que não faz apologia a substâncias lisérgicas (LSD e cogumelo, por exemplo)- , pelo menos não é propositalmente. "O ácido não faz com que as pessoas vejam nada além do que elas mesmas", explica Júpiter. "Minha música é só um retrato de experiências típicas do dia-a-dia. As sacadas vêm por si só."
Com humor e muita, muita psicodelia, "A Sétima Efervescência" ora soa como Raul Seixas ("Um Lugar do Caralho"), ora, absurdamente, como Mutantes ("Querida Superhist X Mr. Frog"). "Walter Victor" e "Eu e Minha Ex" são muito bem-humoradas, como "The Freaking Alice", versão de "Alice no País das Maravilhas" vista pela ótica de um cogumelo (leia letra ao lado).
Com levada romântica, há "Miss Lexotan 6mg Garota", que ganhou versão do Ira! (para Júpiter, "parece outra música, ficou muito boa, muito Ira!"). No geral, o CD acumula elementos de Beatles, Syd Barret e Roberto Carlos.
Júpiter fala sobre cada uma de suas influências: com os Beatles há uma ligação profunda; por Mutantes, muito respeito e admiração; Syd Barret é genial, apaixonante e grande artista; com Raul Seixas há uma cumplicidade cósmica; já de Roberto Carlos prefere a fase soul (que pode ser lembrada por músicas como "Sua Estupidez", "As Curvas da Estrada de Santos" e "Jesus Cristo").
Júpiter Maçã (Júpiter era o pseudônimo que o avô de Flávio usava ao escrever poesias, e Maçã é uma homenagem aos Beatles) diz que não tem qualquer intenção de fazer uma caricatura de Mutantes ou Raul Seixas, mas, se acontecer de soar como se fosse ele, não se incomoda, "afinal temos todos as mesmas influências".


Excepcionalmente, Álvaro Pereira Júnior não escreve hoje a coluna "Escuta Aqui"


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