São Paulo, segunda-feira, 20 de dezembro de 2004

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Comemorar ou reclamar, eis a questão

Diego Assis

Que o esporte preferido do leitor de quadrinhos no Brasil seja reclamar não é novidade. Mas, afinal, olhando para trás, será que 2004 foi um ano assim tão ruim para os leitores destas bandas?
A resposta é sim... e não! Depende de para onde olharmos. A julgar pela importância do material lançado, 2004 foi, sim, um ano-chave. A Abril colocou no mercado reedições caprichadas das obras de Carl Barks e da deliciosa "Aninha", de Harvey Kurtzman ("Mad"). A Panini reembalou clássicos imperdíveis da Marvel e da DC, que já começavam a amarelar nas prateleiras dos sebos. Na HQ alternativa, a Via Lettera resgatou a ótima série "Love and Rockets", dos irmãos Hernandez. Isso sem falar em Devir e Conrad, que, juntas, foram as que mais contribuíram para engrossar a lista de obrigatórios nas gibitecas dos leitores. A primeira ressuscitou "Concreto", de Paul Chadwick, "Sin City", de Frank Miller, e "Avenida Dropsie", do mestre Will Eisner. A segunda veio com "Freak Brothers", de Gilbert Shelton, além de "Mr. Natural", "América" e "Blues", para a alegria dos fãs do lendário Robert Crumb.
Perfeito! Mas, só para não perder o costume, aí vai uma reclamação: ei, a maioria desses álbuns têm entre dez e 30 anos de vida! Cadê o novo? A resposta pode estar nos catálogos de editoras como Top Shelf, AiT Planet Lar, Fantagraphics etc. É só procurar.
Em tempo: seria um minuto ou 12 meses de silêncio o que deveríamos concluir do desempenho de Brainstore e Pandora neste 2004? A BS até que mandou uns sinais de fumaça no começo do ano, mas continua sem responder à única pergunta que realmente importa: quando vamos ler o final de "Preacher"??! Já a Pandora, depois de ser acusada de plágio e de não ter pago os gringos, colocou (bons) títulos, como "Estranhos no Paraíso", em banho-maria e, de maio para cá, não se falou mais nisso...

Filão

Enquanto as editoras nanicas deram sinais de esgotamento, a gigante Companhia das Letras parece ter gostado do filão HQ. Ainda que tenha lançado só duas HQs, foram a interessantíssima "Persépolis", da quadrinista(!) iraniana(!) Marjane Satrapi, e "À Sombra das Duas Torres", talvez o mais importante lançamento do ano nos EUA e que, surpresa, chegou aqui quase ao mesmo tempo.


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