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Comemorar ou reclamar, eis a questão
Diego Assis
Que o esporte preferido do leitor de quadrinhos no Brasil seja reclamar não é
novidade. Mas, afinal, olhando para
trás, será que 2004 foi um ano assim tão
ruim para os leitores destas bandas?
A resposta é sim... e não! Depende de
para onde olharmos. A julgar pela importância
do material lançado, 2004 foi, sim, um ano-chave.
A Abril colocou no mercado reedições caprichadas
das obras de Carl Barks e da deliciosa "Aninha", de
Harvey Kurtzman ("Mad"). A Panini reembalou
clássicos imperdíveis da Marvel e da DC, que já começavam a amarelar nas prateleiras dos sebos. Na
HQ alternativa, a Via Lettera resgatou a ótima série
"Love and Rockets", dos irmãos Hernandez. Isso
sem falar em Devir e Conrad, que, juntas, foram as
que mais contribuíram para engrossar a lista de
obrigatórios nas gibitecas dos leitores. A primeira
ressuscitou "Concreto", de Paul Chadwick, "Sin
City", de Frank Miller, e "Avenida Dropsie", do mestre Will Eisner. A segunda veio com "Freak Brothers", de Gilbert Shelton, além de "Mr. Natural",
"América" e "Blues", para a alegria dos fãs do lendário Robert Crumb.
Perfeito! Mas, só para não perder o costume, aí vai
uma reclamação: ei, a maioria desses álbuns têm entre dez e 30 anos de vida! Cadê o novo? A resposta
pode estar nos catálogos de editoras como Top Shelf,
AiT Planet Lar, Fantagraphics etc. É só procurar.
Em tempo: seria um minuto ou 12 meses de silêncio o que deveríamos concluir do desempenho de
Brainstore e Pandora neste 2004? A BS até que mandou uns sinais de fumaça no começo do ano, mas
continua sem responder à única pergunta que realmente importa: quando vamos ler o final de "Preacher"??! Já a Pandora, depois de ser acusada de plágio e de não ter pago os gringos, colocou (bons) títulos, como "Estranhos no Paraíso", em banho-maria
e, de maio para cá, não se falou mais nisso...
Filão
Enquanto as editoras nanicas deram sinais de esgotamento, a gigante Companhia das Letras parece ter gostado do filão HQ. Ainda que tenha lançado só duas HQs, foram a interessantíssima "Persépolis", da quadrinista(!) iraniana(!) Marjane Satrapi, e "À Sombra das Duas Torres", talvez o mais
importante lançamento do ano nos EUA e que,
surpresa, chegou aqui quase ao mesmo tempo.
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