|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Parem as máquinas, saiu um disco decente no Brasil
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
Saiu um grande disco no Brasil. É "Know Your
Enemy", da banda galesa Manic Street Preachers.
Longe dos delírios orquestrais e excesso de auto-importância em que o grupo embarcou no passado, este álbum é essencialmente um trabalho de rock contemporâneo, cru, vindo da garagem.
Parece incrível, mas a primeira faixa, "Found That
Soul" lembra Motorhead. "Ocean Spray", a seguinte, é
daquelas grandes baladas que são especialidade britânica. Em "Intravenous Agnostic", os Manics surgem
soando muito parecidos com um finado grupo, também do País de Gales, chamado Th" Faith Healers (que
deu origem ao Quickspace). Em "Miss Europa Disco
Dancer", eles fazem jus ao nome da canção e se transformam nos Bee Gees. Se você é novo na área, saiba que,
em popularidade no Reino Unido, os Manic Street
Preachers rivalizam com grupos como Oasis. Lotam
arenas, são verdadeiramente cultuados nesse país que
vive e respira música pop.
Mas, como vários outros artistas britânicos, os Manics não fazem muito sucesso fora de casa. Há cerca de
cinco anos, cheguei a ver um show deles, em San Francisco (Califórnia, EUA), num clube para menos de 300
pessoas. Na mesma época, eles já tocavam para estádios
lotados na Inglaterra.
Na formação atual, os Manics são um trio: James
Dean Bradfield (guitarra e vocais), Nicky Wire (baixo e
vocais) e Sean Moore (bateria e... trompete!). Em 1995, o
grupo ficou tristemente famoso pelo sumiço do guitarrista Richey Edwards, ponto culminante de um acelerado processo de destruição psicológica. Ele desapareceu
num lugar conhecido como Ponte do Suicídio. O corpo
nunca foi encontrado. Até hoje fãs alegam tê-lo visto
comprando cerveja na loja da esquina, coisas assim.
Voltando ao último disco, confesso que não acompanhei a recepção da crítica estrangeira. Mas tenho quase
certeza de que o grupo deve ter sido acusado de perder
o rumo, de sair atirando para todo lado. Prefiro ver
"Know Your Enemy" como uma demonstração do domínio que o trio exerce sobre o gênero que pratica
-um rock tão moderno quanto angustiado.
No encarte, uma mensagem pretensiosa: "As únicas
respostas interessantes são as que destroem as perguntas", atribuída à crítica e romancista Susan Sontag. O
lançamento do disco também foi em grande estilo: em
fevereiro, em Cuba, porque a banda se diz "socialista"
Mas o ouvinte brasileiro pode atravessar essa carapaça "artística" para se concentrar na música. E, isso,
"Know Your Enemy" tem de sobra.
Álavro Peraira Júnior, 38, é jornalista e mora em San Francisco. E-mail: cby2k@uol.com.br
GRINGAS
O enigma Bob Dylan
Os EUA fazem todo tipo de homenagem nos 60 anos de seu ídolo Bob
Dylan. Alguns dos críticos mais importantes em atividade, como o californiano Greil Marcus, tratam Dylan como
Deus na terra. Não sei se é por causa da
barreira da língua, ou por falta de conhecimento mesmo, mas nunca consegui ser um grande fã de Bob Dylan.
Colunista pede ajuda
Nesta minha temporada brasileira, não
tenho, infelizmente, acesso a uma conexão decente de Internet, o que dificulta ficar por dentro das novidades
sonoras. Por isso, pergunto: alguém aí
já ouviu "Put Us In Tune", da banda
Thou? Só li falando bem, tipo "parece
um Portishead feliz".
O homem-robô
Assim que eu voltar a San Francisco, já
tenho uma prioridade: localizar um
maluco chamado Jason Vance, que
formou uma banda de rock composta
por ele e... um monte de robôs! Como
Elba Ramalho e Fábio Jr., Vance diz que
foi "chipado", nesse caso pelos próprios robôs, que assumiram o controle
sobre sua personalidade.
Elogio atrasado
Muito bacana a volta do Man or Astroman? ao Brasil. Os caras perceberam
que têm mesmo público aqui. Ótimo.
Quem sabe as bandas locais, de tanto
verem o MOAM tocar, captem a inteligência interplanetária dos caras. Esta
semana eles vêm se apresentar no Rio.
"Escuta Aqui" vai conferir.
(APJ)
Texto Anterior: Folhateen indica Próximo Texto: CD player Índice
|