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RÁDIO
Órfãos da Musical criam Movimento dos Sem Rádio
free-lance para a Folha
"Isso é transitório, amigo, é só
até a gente pegar um fôlego", disse
Luiz Casali, sócio da L&C Comunicações, empresa detentora da
concessão da Musical FM (105,7).
A emissora sofreu uma brusca mudança de programação no dia 1º/6:
deixou de ser "a rádio 100% MPB"
para tocar música gospel.
A L&C alugou a concessão da rádio para as igrejas Assembléia de
Deus, do Evangelho Quadrangular
e da Comunhão da Graça. O contrato garante ao grupo evangélico
definir a programação da Musical
durante os próximos quatro anos.
"Não podemos dizer que nunca
tocaremos MPB, mas nossa intenção é trabalhar só com gospel. Comercialmente, não interessa misturar", diz João Kalebe Rodrigues,
diretor artístico, musical e comercial da nova Musical e também
pastor da Assembléia de Deus.
Mas os ouvintes da "rádio MPB"
não precisam se desesperar. Muitas emissoras paulistanas aumentaram a programação dedicada à
MPB para o público da Musical.
A Eldorado FM (92,9), por exemplo, aumentou de 20% para 50% a
participação de MPB na programação. E, a partir de hoje, a rádio
transmitirá o programa "Vozes do
Brasil" (de segunda a sexta, das 9h
às 10h), nos mesmos moldes em
que era apresentado na Musical.
E vem mais novidade por aí, só
que na Internet. "Nós implantamos na intranet (rede interna) da
L&C um projeto de transmissão
da Musical da forma como era antes. Queremos lançar isso na Internet em breve", garante Casali.
Com o slogan "Nós Queremos
uma Rádio 100% MPB", um grupo
de paulistanos organizou o Movimento dos Sem Rádio. "Nós vamos brigar por nossa música e por
uma rádio, mesmo que não dê em
nada", diz Ronaldo Rateiro, 22, um
dos integrantes do movimento.
Uma das atitudes do grupo será
tentar convencer rádios "menores" a mudar sua programação para MPB. "A rádio acabou porque
era a 20ª no Ibope, e ninguém
anuncia produtos para um público
pequeno. Mas, para a rádio que é
43ª no ranking, vale a pena adotar
os ouvintes da Musical e aumentar
a audiência", explica Rateiro.
O movimento também quer
mostrar uma cara nova do público
da música popular. "MPB não é
coisa de velho, os jovens foram os
que mais sentiram a perda da rádio", afirma Adriana Jacoto, 19.
"Hoje, nos shows do Paulinho
Moska, do Lenine, a maioria do
público é jovem. Esses artistas só
tocavam lá, e muito jovem vai perder a oportunidade de conhecê-los", diz Juliana Carvalho, 18.
A caçula do movimento também
reclama seus direitos. "Eu conhecia MPB porque minha mãe ouvia
a Musical. Quando eu estava começando a gostar, a rádio acabou",
reclama Mariana Cafasso, 13.
O próximo passo do grupo é fundar uma ONG, cujo nome provisório é MPB Sempre. Objetivo: fortalecer a luta pela música popular
brasileira entre empresas de comunicação e artistas.
Se você quiser engrossar o coro
do Movimento dos Sem Rádio,
acesse o site http://sites.
uol.com.br/semradio/.
(RD)
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