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São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 2003

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SEXO E SAÚDE

"Tenho 17 anos e meu temperamento oscila muito. Passo semanas bem, mas frequentemente fico triste e angustiada. Desde 99, me machuco. Corto meus braços, me arranho e bato a cabeça na parede. Tenho tido crises intensas. Como algumas coisas ainda me dão prazer, mesmo com as crises, acho que não é nada tão grave assim. O que tenho? Não quero que meus pais saibam."

Angústia e tristeza são TPM ou depressão?

JAIRO BOUER
COLUNISTA DA FOLHA

É bem importante você tentar entender um pouco melhor o que está acontecendo. Não é nada agradável sentir crises tão fortes de tristeza e de angústia a ponto de você perder o controle e se agredir. Você enfrenta esse problema com frequência há quatro anos (desde os 13 anos). A idade do início das crises coincide, provavelmente, com o começo da sua menstruação. Pergunto: será que você não está enfrentando, todos os meses, o impacto de uma forte TPM (tensão pré-menstrual)?
Muitas mulheres passam por essa fase difícil nos dias que antecedem a menstruação. Elas ficam irritadas, nervosas e tristes e podem ter atitudes imprevisíveis. A responsável por essas mudanças é a alteração hormonal que rola no corpo feminino todos os meses.
Algumas mulheres sofrem mais com essa situação. Outras enfrentam uma TPM mais amena. Se você está enfrentando mesmo uma TPM, a sua é forte, causando grande impacto na sua vida. Ela exige um cuidado médico imediato. Para começar, seria uma boa idéia consultar um ginecologista.
Mas pode ser que essas oscilações não tenham nada a ver com o seu ciclo menstrual. Nesse caso, você precisa entender o que a leva a mudanças tão drásticas de comportamento. Vamos combinar que não é usual alguém se machucar quando não está bem. É sinal de que você não está lidando bem com as suas emoções. Nesse caso, seria importante você conversar com um psiquiatra. Uma pessoa com depressão, por exemplo, pode ter reações mais intensas em momentos de crise.
O fato de você conseguir sentir prazer, mesmo em momentos de crise, mostra que dá para contornar essa situação e voltar a levar uma vida legal, sem tanto sofrimento e descontrole.
Talvez seja melhor você rever a sua posição de não contar nada para os seus pais. Primeiro: eles já devem mesmo ter percebido suas mudanças de comportamento. Segundo: você vai, provavelmente, precisar de algum tipo de suporte deles para procurar ajuda especializada. Eles, de fato, podem ajudá-la. Você não precisa contar detalhes de tudo o que acontece nem de tudo o que faz, mas seria bom que eles tivessem noção do que está se passando com você.

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