São Paulo, segunda-feira, 21 de agosto de 2006

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02 Neurônio

Jô Hallack, Nina Lemos, Raq Affonso 02neuronio@uol.com.br

Nosso lado emo e os cajuzinhos

TEM DIAS em que você acorda e entende o mundo. Sabe como fazer a barba, a medida certa do café -aquelas duas colheres nem tão vazias e nem tão cheias.
Você sabe onde estão suas meias. E como vai ser, mais ou menos, o seu dia de trabalho. Quando você chega no serviço você é amável com as pessoas. Seu português correto. Até crase você acerta. Se você está na escola, pense naquele dia em que você até tira nota boa na prova.
Você sabe o que vai querer comer no almoço. Se vai tomar refri ou suco. A sobremesa, já escolheu lá pelas dez horas.
Tem dias em que você acorda e não entende nada. Ou seja, você acorda e praticamente virou o Morrissey. Ou um emo.
Você não sabe direito quem é. Pode até saber, mas provavelmente acha que foi engano. Seu café fica fraco demais, suas roupas lhe caem mal e você até se pergunta porque é mesmo que você assina o jornal.
Por que mesmo?
Na hora da sobremesa, você fica se perguntando se não teria sido melhor ter gostado de cajuzinho ao invés de brigadeiro durante os últimos dez anos.
Tudo dá preguiça. Seus melhores amigos parecem chatos. Até o seu livro predileto te dá sono. E você prefere ficar no status "volto logo" no MSN (e na vida), só para não falar com ninguém.
Acabamos de descobrir nosso novo sonho de consumo, poder alterar o status da nossa vida e dizer ao mundo: "volto logo". Ou, pelo menos, "hoje está off-line".
Falando nisso: o que é mesmo que estamos fazendo aqui?!

Momento de histeria
A vida estancou de repente ou foi o mundo então que cresceu?

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