|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
02 Neurônio
Jô Hallack, Nina Lemos, Raq Affonso
02neuronio@uol.com.br
Nosso lado emo e os cajuzinhos
TEM DIAS em que você acorda e entende o
mundo. Sabe como fazer a barba, a medida certa do café -aquelas duas colheres nem tão vazias e nem tão cheias.
Você sabe onde estão suas meias. E como vai
ser, mais ou menos, o seu dia de trabalho.
Quando você chega no serviço você é amável
com as pessoas. Seu português correto. Até
crase você acerta. Se você está na escola, pense
naquele dia em que você até tira nota boa na
prova.
Você sabe o
que vai querer
comer no almoço. Se vai tomar
refri ou suco. A
sobremesa, já escolheu lá pelas
dez horas.
Tem dias em
que você acorda e
não entende nada. Ou seja, você
acorda e praticamente virou o
Morrissey. Ou
um emo.
Você não sabe
direito quem é.
Pode até saber,
mas provavelmente acha que
foi engano. Seu
café fica fraco demais, suas roupas lhe caem mal e você até se pergunta
porque é mesmo que você assina o jornal.
Por que mesmo?
Na hora da sobremesa, você fica se perguntando se
não teria sido melhor ter gostado de cajuzinho ao invés
de brigadeiro durante os últimos dez anos.
Tudo dá preguiça. Seus melhores amigos parecem
chatos. Até o seu livro predileto te dá sono. E você prefere ficar no status "volto logo" no MSN (e na vida), só para
não falar com ninguém.
Acabamos de descobrir nosso novo sonho de consumo, poder alterar o status da nossa vida e dizer ao mundo: "volto logo". Ou, pelo menos, "hoje está off-line".
Falando nisso: o que é mesmo que estamos fazendo
aqui?!
Momento de histeria
A vida estancou de repente ou foi o mundo então que cresceu?
Texto Anterior: Carreira: Não falta trabalho ao médico hiperdedicado Próximo Texto: Música: Os Ferdinandos estão chegando Índice
|