|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESCUTA AQUI
Keith Richards é rock and roll de verdade
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
COLUNISTA DA FOLHA
Os Rolling Stones são ultrapassados, já deveriam ter acabado há muito tempo, mas
uma coisa não se pode negar: ninguém nesse
mundo é mais rock and roll que Keith Richards, o tiozinho guitarrista do grupo.
A revista "Rolling Stone" (nada a ver com a
banda, só o nome é parecido) traz, em uma
edição recente, uma apetitosa entrevista com
a figura. Veja alguns trechos, só para você
sentir o drama (e sentir inveja, também).
"Não tenho rotina fixa em casa. Leio muito.
Quando o tempo está bom, velejo um
pouco. Faço umas
gravações no estúdio no porão. Passeio pela casa. Espero as empregadas arrumarem a cozinha,
aí vou lá, frito umas
coisas e bagunço tudo de novo."
"Não fico me gabando. Nunca fiquei mais
tempo sem dormir do que os outros só para
anunciar que eu era o mais durão. É só meu
jeito de ser. Só digo uma coisa: "Você precisa
se conhecer"."
"Não existe nenhum sucesso dos Stones que
eu esteja cansado de tocar (...). Os Stones sempre acreditaram no presente. Mas tocar "Jumpin" Jack Flash", "Brown Sugar" e "Start me Up"
é sempre divertido. Você precisa ser um chato
de galochas, cara, para não ir lá e tocar "Jumpin" Jack Flash" e não pensar: "Aí, rapaziada,
vamos lá!". É como montar um cavalo xucro."
"Desde que saí da escola, nunca mais disse
"sim, senhor" para ninguém."
A entrevista toda é muito engraçada. Destaquei, resumidamente, uma parte muito pequena. Claro que, quando se trata de uma celebridade, existe a chance de Richards ter
mentido o tempo inteiro. Mas prefiro acreditar nele. De certa maneira, é um jeito de acreditar no rock and roll...
Por falar na "Rolling Stone" (que custa inacreditáveis R$ 22!), vale registrar que a revista
melhorou muito nos últimos tempos.
A "RS" está sob nova direção. Ed Needham,
que chefiava a "FHM", foi chamado para dar
uma cara mais jovem e objetiva à "RS". Pelo
jeito, está dando certo. Há uma série de novas
seções com pequenas notas e dicas de tecnologia, sempre em uma linguagem coloquial e engraçada.
É uma revista feita para pessoas normais,
que têm vida (namorada/mulher/marido/
emprego/filhos) e que, eventualmente, se interessam pelo que sai na "Rolling Stone".
Essa linha de "revistas feitas para pessoas de
verdade" surgiu há quase dez anos, na Inglaterra, com a "Loaded". Rapidamente, surgiram imitações que acabaram dando mais certo do que a original, como a "Maxim", a
"FHM" e a "Stuff".
Aqui no Brasil, no entanto, parece que as
coisas caminham em sentido contrário. Sai
uma revista nova, estréia um programa, um
filme, você vê aquilo e
pensa: "Meu Deus,
com quem esses caras
acham que estão falando?".
Texto Anterior: Cinema: Besteirol no túnel do tempo Próximo Texto: Brasas Índice
|