São Paulo, segunda-feira, 22 de janeiro de 2001

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HIP HOP

Rap francês quer provar que é "très cool"

CLAUDIA ASSEF
DE PARIS

A França é o país do queijo, do vinho... e do rap. Pode ser que você nunca tenha ouvido falar em Assassin, NTM, MC Solaar, Iam ou Busta Flex, mas esses caras e mais uma dúzia de bons rappers fazem do país o segundo maior produtor -e consumidor- de rap do mundo.
Os franceses só perdem em número de grupos na ativa -e de discos vendidos do gênero- para os norte-americanos, os pais do rap.
"Hoje o rap é o nosso principal produto", diz um executivo da Virgin, gravadora que tem na França uma divisão inteiramente dedicada ao gênero. A Virgin mantém também um dos sites sobre rap francês mais bacanas da net.
No endereço www.leflow.com, além de obter informações e fotos dos grupos, é possível ouvir músicas em Real Audio. Outro endereço quente para quem quiser pegar rap francês pela Internet é o www.lerapfrancais.com.
Já virou lugar-comum entre os artistas de rap sair do estúdio de gravação com meio milhão de CDs devidamente engatilhados no mercado.
O Iam, grupo de Marselha que existe desde 1985, conseguiu a melhor vendagem de rap do ano passado na Europa, batendo até o coroado novo disco de Eminem. "L'Ecole du Micro d'Argent", um CD cheio de críticas ao capitalismo e ao racismo da sociedade francesa, vendeu 1,2 milhão de cópias.
O ano 2000 consagrou outros nomes no cenário hip hop, como Daddy Nuttea, um DJ nativo de Guadalupe que encontrou na França o meio ambiente ideal para desfilar suas críticas ao racismo sofrido pelos imigrantes. No ano passado, apareceram ainda garotas mal-encaradas fazendo rap (Sweety e Muzion) e grupos de moleques ensandecidos, como o Touristique e o Saian Supa Crew.
É verdade que o rap francês começou na cola do hip hop norte-americano. Mas, desde cedo, os rappers locais quiseram impor sua identidade: a batida mais arrastada, a marca alemã Adidas, que os rappers franceses ajudaram a popularizar, e as letras falando principalmente de racismo são características fortes até hoje do hip hop francês.
Na França, onde o comércio de armas é proibido por lei, o rap nunca debandou para o gangsta, subgênero do rap norte-americano que celebra tiros, drogas e machismo.
O primeiro disco de rap nacional foi gravado na França em 1987 por Dee Nasty. Em seguida, apareceriam os primeiros álbuns de NTM, Assassin e MC Solaar, este último considerado o pai do rap local. Solaar, que já vendeu mais de 4 milhões de CDs só na França, vai lançar seu quinto álbum em 3 de fevereiro.
Você pode até não entender lhufas de francês, mas não dá para não gostar de letras como "Oui, oui, man, nous sommes cool". É "très cool".


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