São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 2008

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música

Respeitável público

Trupe do Teatro Mágico volta a botar a galera para cantar junto com seu novo álbum, "Segundo Ato", que pode ser baixado de graça

Patricia Stavis/Folha Imagem
Fernando Anitelli (com o violão) e sua trupe apresentam o figurino do novo show

RAQUEL COZER
DA REPORTAGEM LOCAL

"Nós somos quantos?", pergunta o baixista Emerson Marciano, 35, à trapezista Gabi Veiga, 25, passando adiante a dúvida da reportagem. "Oito músicos...", começa a moça. "Fêêê, no total nós somos oito músicos e quantos artistas?"
Fernando Anitelli, 34, o vocalista e compositor do Teatro Mágico, pára por dois segundos de dedilhar o violão com que vinha brincando nos últimos 15 minutos e levanta quatro dedos. "Oito músicos e quatro artistas", assegura Gabi à reportagem. "É ele quem sempre sabe tudo", informa Emerson.
Anitelli explica que o número de integrantes do grupo já variou muito, mas que tem sido assim, 12 pessoas, há algum tempo. Eram 40 músicos e artistas há quatro anos e meio, quando estreou o show do primeiro disco. O novo CD, "O Teatro Mágico: Segundo Ato", sai num momento em que a população de cara pintada sobre o tablado está mais enxuta, mas encontra um público que não dá sinais de diminuir. Os ingressos para as três apresentações de lançamento, em São Paulo, no último final de semana, esgotaram-se dias antes.
O intervalo entre um disco e outro é longo mesmo para os bagunçados padrões fonográficos atuais, mas Anitelli não se preocupa com padrões -com pouco espaço na mídia, sem distribuidora, "Entrada para Raros" vendeu 86 mil cópias só em shows e pelo site do grupo.
"Demorou o tempo que foi necessário para que eu encontrasse a melhor tradução para tudo o que achava importante dizer", afirma Anitelli.
O que ele acha importante dizer é que o personagem-ouvinte a quem se dirige desde o começo amadureceu -haverá um terceiro passo nessa evolução, que constituirá o último CD da trilogia pensada pelo músico.
"Se, num primeiro momento, esse personagem era alguém que entendia o cotidiano com muito mais poesia, ele agora descobre que está imerso num contexto menos colorido, muito mais preto no branco", diz.
Essa característica, explica, se reflete em faixas como "Mérito e o Monstro", sobre a mecanização do homem no trabalho, e "Cidadão de Papelão", que trata justamente de quem não tem trabalho. E se estende para figurinos e cenários.
"Saem os bichinhos coloridos sobre o palco, os figurinos ficam menos mambembes, um pouco mais nobres. Como a criança que tira do quarto os brinquedos e começa a colocar os pôsteres do [filme] "Laranja Mecânica", de bandas de rock."
O amadurecimento (ou "Amadurecência", como prefere a poesia que abre o disco) recebe o aval de veteranos -o maranhense Zeca Baleiro põe a voz em "Xanel nº 5"; o pernambucano Silvério Pessoa, em "Abaçaiado".

Sopa e militância
"Não vamos negar o que fizemos até agora. Vamos continuar sendo essa miscelânea, essa sopa de música e números circenses, agora até mais elaborados", afirma Anitelli.
Ele diz que, com uma média de 12 apresentações por mês, que vêm se estendendo cada vez mais para outros Estados, o TM consegue se manter só com bilheteria e com os produtos vendidos na lojinha do site.
"A gente hoje consegue colocar mais de 15 pessoas, incluindo a equipe de apoio, vivendo em razão desse trabalho", festeja o músico. "Hoje a gente vai para Recife e é recebido por milhares de pessoas. Por todo o Brasil, as pessoas sentem que tem algo interessante acontecendo e passam a virar militantes do Teatro Mágico."


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