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MÚSICA
A antifolia do Los Hermanos
Banda carioca renega o sucesso fácil de "Anna Júlia"
FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL
É impossível falar da banda carioca Los Hermanos sem associá-la
de imediato ao hit "Anna Júlia".
Mais difícil é não encontrar alguém
que ouça rádio e não saiba cantar o
refrão completo da música.
Não é para menos, a canção se
tornou uma epidemia fora de controle. Foi martelada no rádio e na
TV durante meses, virou fenômeno jovem, despertou amor e ódio.
Para a banda foi uma surpresa, já
que muitos artistas passam toda a
carreira tentando emplacar um hit
mesmo sem a dimensão alcançada
por "Anna Júlia". Agora, surpresa é
ouvir "Bloco do Eu Sozinho", segundo disco que o Los Hermanos
acaba de lançar.
Quando parecia mais do que óbvio a banda compor um novo disco
baseado nas sonoridades sessentistas do hit que os consagrou, o Los
Hermanos quebra tudo. "Bloco do
Eu Sozinho" vai na contramão do
sucesso fácil e dos hits grudentos.
"Fizemos um disco alheio a expectativas", admite Marcelo Camelo, 23, guitarrista, vocalista e
principal compositor do grupo. Na
definição da própria banda, se o
primeiro disco do Los Hermanos
fosse o Carnaval, "Bloco do Eu Sozinho" seria a Quarta-Feira de Cinzas. É melancólico, mais sério (às
vezes até chato), menos comercial
e pretensioso.
Das melodias pegajosas e simples
o grupo passou a arranjos mais
complexos e uso de metais. Até um
instrumento estranho como a tuba
entrou na antifolia da banda e abre
o disco em "Todo o Carnaval Tem
Seu Fim". Com isso, perderam o
baixista original, Patrick Laplan,
que saiu alegando "diferenças artísticas".
"Não queremos virar underground agora. Escolhemos uma
proposta diferente, um caminho
mais difícil e que nos deixa mais felizes", explica Camelo.
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