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ÁLVARO PEREIRA JÙNIOR - cby@uol.com.br
De perto, todo o mundo é normal
MINHA GERAÇÃO aprendeu e ensinou: o punk foi
uma revolução de música e
de comportamento.
Segunda metade dos
anos 70, século passado. Inglaterra aos pedaços. Na
política, crise permanente.
No rock, gigantes pré-históricos fechados em suas
mansões, se lixando para o
público que os sustenta.
A juventude inquieta
quer sua própria música e
suas próprias regras (ou a
falta delas). Surge o punk.
Mas foi assim mesmo?
Ainda estou chapado
com o livro "Apathy for the
Devil", memórias do jornalista inglês Nick Kent, que
comentei semana passada.
Kent não enxerga revolução no punk, que ele viu
nascer de muito perto.
Malcolm McLaren, gênio
manipulador que criou os
Sex Pistols? Não. Um desinformado, de parca cultura,
que, pouco antes de "inventar" o punk, era obcecado
por anos 50, dono de uma
butique para rockabillies.
Johnny Rotten, o arauto
podre da revolta? Para
Kent, só mais um mané de
cabelos ruivos até o ombro,
traficante de ácido notório
por frequentar shows do
Hawkwind, progressivo viajandão, antítese do punk.
As Slits, sacerdotisas de
uma nova ordem feminina
no rock? Sem chance. Exibicionistas sem talento, incapazes de cantar, tocar ou
compor.
Joe Strummer, do Clash,
o homem que deu contornos políticos à revolta juvenil? Kent o respeita muito,
mas aponta sua origem na
classe média alta. E condena o Strummer "proletário", personagem meticulosamente construído.
Nick Kent entende o punk
como um artefato gerado
por figuras secundárias da
indústria da música -e que
o hype da imprensa londrina, sedenta de sangue novo, transformou em algo
maior do que merecia ser.
Há, claro, muito ressentimento -Kent foi o rei do
jornalismo musical dos
anos 70, justamente a década que o punk enterrou.
Ainda assim, "Apathy for
the Devil" me fez pensar.
Muito.
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Cantoras brasileiras
São tantas, nem sei mais quem é quem. E todas iguais, não?
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