São Paulo, segunda-feira, 23 de agosto de 2010

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ÁLVARO PEREIRA JÙNIOR - cby@uol.com.br

De perto, todo o mundo é normal

MINHA GERAÇÃO aprendeu e ensinou: o punk foi uma revolução de música e de comportamento.
Segunda metade dos anos 70, século passado. Inglaterra aos pedaços. Na política, crise permanente. No rock, gigantes pré-históricos fechados em suas mansões, se lixando para o público que os sustenta.
A juventude inquieta quer sua própria música e suas próprias regras (ou a falta delas). Surge o punk.
Mas foi assim mesmo?
Ainda estou chapado com o livro "Apathy for the Devil", memórias do jornalista inglês Nick Kent, que comentei semana passada.
Kent não enxerga revolução no punk, que ele viu nascer de muito perto.
Malcolm McLaren, gênio manipulador que criou os Sex Pistols? Não. Um desinformado, de parca cultura, que, pouco antes de "inventar" o punk, era obcecado por anos 50, dono de uma butique para rockabillies.
Johnny Rotten, o arauto podre da revolta? Para Kent, só mais um mané de cabelos ruivos até o ombro, traficante de ácido notório por frequentar shows do Hawkwind, progressivo viajandão, antítese do punk.
As Slits, sacerdotisas de uma nova ordem feminina no rock? Sem chance. Exibicionistas sem talento, incapazes de cantar, tocar ou compor.
Joe Strummer, do Clash, o homem que deu contornos políticos à revolta juvenil? Kent o respeita muito, mas aponta sua origem na classe média alta. E condena o Strummer "proletário", personagem meticulosamente construído.
Nick Kent entende o punk como um artefato gerado por figuras secundárias da indústria da música -e que o hype da imprensa londrina, sedenta de sangue novo, transformou em algo maior do que merecia ser.
Há, claro, muito ressentimento -Kent foi o rei do jornalismo musical dos anos 70, justamente a década que o punk enterrou.
Ainda assim, "Apathy for the Devil" me fez pensar. Muito.

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