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02 Neurônio
Jô Hallack, Nina Lemos, JRaq Afonso - 02neuronio@uol.com.br
O punk morreu?
Se o punk morrer, o mundo acaba
O PUNK morreu. Ou melhor, faliu. Porque, se o punk morrer, a gente morre
também. Pelo menos é isso o que a gente pensa quando o mais tradicional bastião do
gênero fecha as portas. A casa de show CBGB,
lendária por abrigar os mais importantes
shows do movimentos punk, em Nova York,
fechou. O aluguel ficou caro demais. O bairro
onde o CBGB abriu há 33 anos, o Bowery, está
passando por uma
especulação imobiliária.
Quem leu o livro
"Mate-me, Por
Favor" já quis assistir a um show
ali. Quem não leu,
mas gosta de Ramones ou Patti
Smith, também
queria ter estado
lá. Aliás, foi ela a
escolhida para dar
o último show, no
domingo retrasado.
O único lugar de rock histórico que presenciamos o fechamento foi o Circo Voador, tradicional casa de shows
na Lapa, no Rio de Janeiro. No meio de um show de punk
rock, um político foi comemorar sua vitória na eleição,
com uma banda de fanfarra. Os roqueiros xingaram. No
dia seguinte, o Circo foi fechado, por anos.
Agora o Circo reabriu. Não sabemos se foi o tempo que
passou, se foi a reforma, se são as bandas atuais, mas a
"vibe" não é a mesma. Não sentimos vontade de gritar
"libera o mosh" quando vamos a algum show. Tudo bem,
a gente gritando isso num show hoje em dia seria meio ridículo (ou não), mas sentimos saudades dos tempos em
que fazíamos isso no show do Cólera.
O dono do CBGB diz que vai reabrir a casa em Las Vegas. E vai levar alguns objetos do lugar, pra manter o clima. Inclusive as privadas! Desejamos toda a sorte do
mundo, mas estamos achando que talvez... o punk tenha
morrido! E vá virar artigo pra turista ver em Las Vegas.
Mas não, queridos. O punk não morre por causa de um
lugar. Somos o que somos graças a ele. Sim, as garotas
aqui são punks de alma, quer vocês acreditem ou não.
E vamos contar um segredo. Com o passar do tempo
(ou seja, quando fica adulta), você tem duas opções: virar
uma pessoa careta ou ficar mais punk do que já era. A vida é assim e um dia vocês vão passar por isso. Fizemos a
nossa opção e duas de nós hoje nem têm carteira assinada. Sim. PUNK'S NOT DEAD, BABIES!
PS: Se você acha que o punk não morreu, uma dica: o
DVD "Botinada", que acaba de ser lançado, conta a história do punk no Brasil. É ótimo!
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