São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

02 Neurônio

Jô Hallack, Nina Lemos, JRaq Afonso - 02neuronio@uol.com.br

O punk morreu?

Se o punk morrer, o mundo acaba

O PUNK morreu. Ou melhor, faliu. Porque, se o punk morrer, a gente morre também. Pelo menos é isso o que a gente pensa quando o mais tradicional bastião do gênero fecha as portas. A casa de show CBGB, lendária por abrigar os mais importantes shows do movimentos punk, em Nova York, fechou. O aluguel ficou caro demais. O bairro onde o CBGB abriu há 33 anos, o Bowery, está passando por uma especulação imobiliária.
Quem leu o livro "Mate-me, Por Favor" já quis assistir a um show ali. Quem não leu, mas gosta de Ramones ou Patti Smith, também queria ter estado lá. Aliás, foi ela a escolhida para dar o último show, no domingo retrasado.
O único lugar de rock histórico que presenciamos o fechamento foi o Circo Voador, tradicional casa de shows na Lapa, no Rio de Janeiro. No meio de um show de punk rock, um político foi comemorar sua vitória na eleição, com uma banda de fanfarra. Os roqueiros xingaram. No dia seguinte, o Circo foi fechado, por anos.
Agora o Circo reabriu. Não sabemos se foi o tempo que passou, se foi a reforma, se são as bandas atuais, mas a "vibe" não é a mesma. Não sentimos vontade de gritar "libera o mosh" quando vamos a algum show. Tudo bem, a gente gritando isso num show hoje em dia seria meio ridículo (ou não), mas sentimos saudades dos tempos em que fazíamos isso no show do Cólera.
O dono do CBGB diz que vai reabrir a casa em Las Vegas. E vai levar alguns objetos do lugar, pra manter o clima. Inclusive as privadas! Desejamos toda a sorte do mundo, mas estamos achando que talvez... o punk tenha morrido! E vá virar artigo pra turista ver em Las Vegas.
Mas não, queridos. O punk não morre por causa de um lugar. Somos o que somos graças a ele. Sim, as garotas aqui são punks de alma, quer vocês acreditem ou não.
E vamos contar um segredo. Com o passar do tempo (ou seja, quando fica adulta), você tem duas opções: virar uma pessoa careta ou ficar mais punk do que já era. A vida é assim e um dia vocês vão passar por isso. Fizemos a nossa opção e duas de nós hoje nem têm carteira assinada. Sim. PUNK'S NOT DEAD, BABIES!
PS: Se você acha que o punk não morreu, uma dica: o DVD "Botinada", que acaba de ser lançado, conta a história do punk no Brasil. É ótimo!


Texto Anterior: Destaques da mostra
Próximo Texto: Música: Super fim de semana
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.