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São Paulo, segunda-feira, 24 de março de 2003

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02 neurônio

Pela paz com todo mundo

JÔ HALLACK
NINA LEMOS
RAQ AFFONSO
COLUNISTAS DA FOLHA

Quando éramos punks de classe média, éramos fanáticas por uma música do Cólera (uma banda punk de verdade) chamada "Pela Paz em Todo o Mundo". Gritávamos em nossos quartos "eu me importo, eu me importo com a paz, com a paz em todo o muuundo". Também nos habituamos, depois de mais velhas, a fazer todos os nossos brindes dizendo: "Pela paz mundial". E, quando esta coluna for publicada, as bombas estarão voando pelos céus. O objetivo, segundo o mentor da guerra -o péssimo George W. Bush- é a paz em todo o mundo.
E, em tempos como estes, nossos dramas pessoais ficam bem pequenininhos. "Ele não me ligou?" Dane-se, o mundo está em guerra. "A gente ficou e depois ele não respondeu ao meu e-mail?" Não interessa, o mundo está em guerra. Ele que se dane. E a gente que se dane também com as nossas pequenezas.
Então, é hora de a gente fazer nossa parte, sim. Afinal, é muito fácil sair culpando o alheio e pronto! Claro que não temos o menor envolvimento direto com a guerra, mas temos obrigação de aumentar o nível de bondade mundial. Sim, onde está sua porção escoteiro (no bom sentido!)? Aquele lance de fazer uma boa ação todo dia?! Ajudar velhinhas a atravessar no sinal? Por isso, neste momento, defendemos a paz nos relacionamentos pessoais a partir do seguinte estatuto:

Nenhum amigo pode brigar com o outro por bobagem.
Estão abolidas, definitivamente, briguinhas por causa de picuinhas do estilo "fulano saiu com a sicrana e não me chamou". Se você estiver no centro do fogo cruzado de amigos, precisa dar um jeito de manter a paz. Nem que seja mentindo e falando coisas do estilo: "Ele saiu com a fulana porque ela estava mal quando soube que seu namorado virou travesti". Tudo bem que ela nem tinha namorado.

Ninguém precisa ser escudo humano de nada!
Por isso, se algum pretê resolver atacá-la com seus problemas e neuroses, caia fora. Você não tem culpa se ele é mal resolvido, mal comido ou tem uma relação traumática com os avós. Ele que resolva sozinho. Como sempre dizemos... cada um com os seus problemas.

Cuidado com a demarcação de território.
É claro que você não vai ficar com o namorado da sua amiga. Só que, muitas vezes, acontece o fenômeno "eu vi primeiro!". Aparece um passante lindo em algum lugar, por exemplo, na praia. Uma de suas amigas aponta e diz: ele é meu pretê. Isso significa que ninguém mais pode ficar com ele? Não. É uma situação que, muitas vezes, acaba em bombardeios, mas explique calmamente a ela que, para ter alguém, não basta colocar uma plaquinha de "alugado".

Não crie inimigos.
Ele não quis ficar com você? Ele broxou? Acontece, queridas. E não quer dizer que ele seja um babaca. É difícil aprender isso, mas a verdade é que ninguém é obrigado a ser a fim da gente. E o pior: quem não nos quer pode ser, sim, uma pessoa incrível.


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