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São Paulo, segunda-feira, 24 de março de 2003

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folhateen explica

Americanos esperam ataques "cirúrgicos" com arma "inteligente"

Tecnologia tem papel crucial na ofensiva dos EUA no Iraque

DA REPORTAGEM LOCAL

A guerra que o presidente norte-americano, George W. Bush, começou na noite de quarta-feira (horário de Brasília) ao bombardear alvos da capital iraquiana, Bagdá, tinha a aparência de ser uma reedição do ataque que seu pai, George Bush, empreendeu contra Saddam Hussein, em 1991.
Para quem ainda se lembra, as armas usadas na quarta-feira -mísseis de cruzeiro Tomahawk e bombas lançadas a partir de caças-bombardeiros F-117 - foram dois dos destaques da ofensiva norte-americana de 1991.
Mas, se, na aparência, pouco mudou entre as campanhas de Bush pai e de Bush filho, na prática, a tecnologia à disposição dos EUA hoje está anos-luz à frente da utilizada na Guerra do Golfo.
Em cena, entrará a guerra digital. Os mesmos aviões e tanques que lutaram em 1991 voltam ao Iraque equipados com tecnologia digital e eletrônica de ponta, aumentando, em tese, a capacidade de promover ataques "cirúrgicos" a alvos iraquianos.
A principal evidência de que os EUA e seus aliados britânicos se apóiam na tecnologia para derrubar Saddam Hussein é o fato de que as forças aéreas e terrestres deslocadas para o golfo Pérsico representam cerca da metade das usadas para expulsar as tropas iraquianas do Kuait durante a Guerra do Golfo. Em contrapartida, o percentual de bombas "inteligentes" saltou de 10% do arsenal em 1991 para aproximadamente 90% hoje.
Essa equação espelha a estratégia dos EUA de formar pequenos grupos terrestres suficientemente ágeis para escolher alvos-chave e acionar um ataque "inteligente" usando bombas orientadas pelo sistema de posicionamento de satélites GPS.
O emprego de armas "inteligentes" serve a dois propósitos. O primeiro é tentar reduzir o número de baixas norte-americanas. O segundo é a tentativa de diminuir o número de civis mortos. Pois, para os EUA, será mais fácil controlar a transição política após a queda de Saddam Hussein e contornar a crise internacional gerada pelo ataque sem o aval das Nações Unidas se morrerem poucos civis.
Para promover ataques "cirúrgicos", os EUA contam com as bombas JDAM -projéteis "burros" que ficam "inteligentes" ao ter acoplados a suas caudas receptores de satélite GPS e sistemas de manobra até o alvo.
Contudo, em reportagem publicada pela revista "New Scientist", especialistas advertem que as bombas "inteligentes" podem ser enganadas. Se os iraquianos tiverem o know-how certo, eles podem confundir o sinal do satélite e fazer com que a margem de erro dessas bombas passe de 13 m para cerca de 30 m.
Um bom argumento para quem defende que guerra e inteligência não são compatíveis.


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