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MÍDIAS
O Orkut, um serviço que reúne pessoas com afinidades na internet, vira mania entre brasileiros
Eu quero ter um milhão de AMIGOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Sabrina não conhece o Marcel. Nem o
Rodrigo conhece a Talita. Mas é certeza que algum amigo eles têm em comum. Olhe só: a Talita é amiga da Sabrina, que é amiga do Rodrigo, que é amigo
do Marcel, que não faz idéia de quem seja a Talita. Confuso, né? Essa e outras milhares de redes de amigos que se cruzam
com as de amigos de outros amigos têm
um ponto de encontro na internet.
A nova febre digital atende pelo nome
Orkut (www.orkut.com) e para fazer
parte você tem de ser convidado por alguém que tenha o perfil habilitado dentro do site e ter mais de 18 anos de idade.
O serviço, afiliado ao site de busca
Google, foi criado no final de janeiro pelo
engenheiro Orkut Buyukkokten e hoje
reúne mais de 2 milhões de usuários registrados. Para surpresa de muitos, o
Brasil é o segundo colocado no número
de inscritos, com 16,9% deles, abaixo
apenas dos EUA, que tem 41,2% do número de pessoas cadastradas.
Funciona assim: após ter sido convidado por algum usuário você cria seu perfil
com nome, idade, gostos, ficha profissional e até uma página dedicada a encontrar um namorado ou namorada.
A partir daí, você começa a procurar
amigos em comum com outros amigos e
inclui o perfil deles na sua lista de amigos
e ainda ganha o direito de convidar amigos que não estão cadastrados no site.
Assim como todo mundo cadastrado,
você terá acesso às listas e aos perfis de
seus amigos e aos de amigos de amigos.
Você verá que essa corrente fará com que
você esteja conectado a milhares de pessoas no mundo todo.
No site ainda é possível criar ou se filiar
a comunidades de discussão de qualquer
assunto, como música, cinema, esportes... Há até uma comunidade que reclama da invasão brasileira no Orkut!
Talvez fique mais fácil de entender com
exemplos reais. Marcel Steiner, 23, conquistou um perfil no Orkut após ter sido
convidado por uma amiga há menos de
um mês. Ele tem 31 amigos em sua lista e
até foi achado por uma amiga de faculdade com quem ele mal falava. Descobriu
que os dois freqüentam a mesma casa
noturna, A Lôca, em São Paulo, e que há
até uma comunidade sobre o clube.
"A cada dia há uma nova surpresa. Eu
nunca tinha conversado com ela, mas vimos que temos muito em comum."
Marcel sente que perdeu parte de sua
privacidade ao exibir particularidades de
sua vida na internet. "Mais de 400 pessoas já visitaram meu perfil e sabem de
coisas da minha vida. É assustador, mas
muito divertido", conta.
Marcel está na lista de amigos do carioca Rodrigo Garcia Dutra, 23, que tem o
perfil há três semanas e já acumula 166
amigos em sua lista. Ele mora em São
Paulo há três anos.
"Encontrei uma comunidade de ex-alunos do colégio onde estudava no Rio e
voltei a falar com gente com quem convivi na quinta série. Acho legal essas comunidades, pois juntam pessoas por afinidades. Sou comprometido, mas muita
gente procura paquera."
Na lista de Rodrigo está Sabrina Petraglia, 21, que é locutora da rádio Tupi FM,
especializada em música sertaneja, e tem
31 amigos no Orkut, do qual faz parte há
15 dias. "Vi o perfil de um menino que
usava chapéu de palha e mandei uma
mensagem para ele, para saber se gostava de sertanejo. Ainda não obtive resposta", conta Sabrina.
Ela estuda comunicação na PUC de
São Paulo e incluiu em sua lista de amigos a colega Talita Zamarioli, 20, que
também estuda teatro e acumula 77 amigos em sua lista, iniciada há um mês.
"Tenho um amigo do Rio Grande do Sul,
que conheci na comunidade dedicada ao
cinema brasileiro. A gente nunca se viu
pessoalmente, mas trocamos e-mail e
conversamos pelo messenger", conta.
Ela vê vantagens ao Orkut se comparado a outros sites e programas criados para conhecer pessoas na internet. "É bem
melhor que blogs, fotologs e bate-papo,
pois você tem de ser convidado para fazer parte. Tem de ser alguém real, que
tem foto e informação. Não é formado
por pessoas que fingem ser alguém", diz.
(LEANDRO FORTINO)
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