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ESCUTA AQUI
Fracasso e
sucesso são
quase iguais
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
Dois amigos inseparáveis, com gostos musicais parecidos. Cada
um tem sua banda. São
de Portland, Oregon,
cidade verde e chuvosa dos EUA.
Um é Anton Newcombe, líder do
grupo Brian Jonestown Massacre.
Você provavelmente não conhece.
O outro, Courtney Taylor, fundador
dos Dandy Warhols, dos quais você
já deve ter ouvido falar (principalmente se é leitor de "Escuta Aqui").
Anton é mais talentoso e criativo.
Courtney, menos alucinado. Anton
afundou-se na auto-sabotagem.
Courtney fez dos Dandy Warhols
uma das bandas americanas mais
famosas do mundo.
Por que os caminhos tão diferentes, se A e C tiveram a mesma formação, excursionaram pelo mesmo
circuito independente, com iguais
oportunidades de sucesso?
Essa história é esmiuçada em um
grande documentário, "Dig!", que
tem passado com destaque em festivais estrangeiros e saiu agora em
DVD na gringolândia. Se você quer
ter alguma noção de como funciona
a indústria da música, da linha finíssima que separa sucesso e anonimato, não deixe de ver.
"Dig!" impressiona porque as
duas bandas, Brian Jonestown Massacre e Dandy Warhols, foram
acompanhadas por sete anos! Como destaque, uma briga entre os próprios músicos, num show do Brian Jonestown Massacre que tinha por objetivo mostrar o
grupo às gravadoras de Los Angeles. O couro come solto e os documentaristas
entrevistam Anton depois da encrenca, com as roupas ainda cobertas de sangue.
A trajetória do Brian Jonestown Massacre é tão demencial que, naturalmente,
o grupo recebe mais destaque no filme. Anton, filho de um pai alcoólatra e suicida, trata seus músicos como lixo. Diante qualquer possibilidade de sucesso, faz o
que pode para botar tudo a perder.
Já os Dandy Warhols assinam contrato com uma grande gravadora, enfrentam o fracasso do primeiro disco, mas ficam unidos. Depois que emplacam uma
música ("Bohemian Like You") como tema de um comercial de uma provedora
de celulares, atingem o sucesso planetário. As conclusões de "Dig!" são simplistas: o BJM tinha tantos problemas porque seus músicos vinham de famílias despedaçadas, os Dandy Warhols deram certo porque sua origem familiar era mais
estruturada. Mas isso não tira o brilho desse documentário indispensável para
quem tenta entender essa entidade fantasmagórica chamada rock and roll.
CD PLAYER
PLAY - Arcade Fire no Brasil
Acredite. Arcade Fire, que vem para o
Tim Festival, faz o melhor show de rock
do mundo. Sete no palco, todos cantam e usam tudo como instrumento.
PLAY - Simon Reynolds no Brasil
Punk, ecstasy, pós-punk, poesia. Nada
que é humano é estranho ao universo
desse supercrítico inglês baseado em
Nova York. Vem para o Campari Rock.
EJECT - Gang of Four e Mission of Burma fora do Brasil
Duas bandas dos anos 80 que voltaram
a mil e viriam tocar aqui sem cobrar
uma fortuna, ainda não estão na escalação de nenhum festival brazuca. Ficamos na torcida.
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