São Paulo, segunda-feira, 25 de novembro de 2002

Texto Anterior | Índice

02 neurônio

De onde vêm os pretês?

JÔ HALLACK
NINA LEMOS
RAQ AFFONSO
COLUNISTA DA FOLHA

Os bebês, esperamos, vocês já saibam de onde vêm. Mas e os pretês? (Antes, no entanto, um momento didático para quem não é familiarizado com a nossa língua. Claro que, num surto de pretensão, achamos que todo o Brasil saiba o significado da palavra!) Pretê vem de pretendente . Ele pode ser nosso namorado, nosso paquera, nosso marido ou apenas alguém que pretendemos. Sim, na maioria das vezes, não somos nós que somos pretendidas. E, sim, somos nós que pretendemos! (Quando é apenas ele quem pretende, o termo é usado de forma pejorativa. Uma amiga fala: "Aquele arquiteto de voz fina é seu pretê". E você respond e: "Deus me livre e guarde! Ele nunca vai ser meu pretê!").
Agora que todo mundo entendeu, podemos explicar os mais moderno s métodos de nascime nto de pretês que, assim como todos os humanos, nascera m do encontro do esperma tozóide do papai com o óvulo da mamãe.

Método natural Ele era um mero desconh ecido ou um conhecid o para o qual que nem ligávamo s. Até que, uma hora, o elegemo s: "ele é meu pretê" Ele é promovi do a essa categoria porque fez algo que julgamos incrível, como comentar que a lua está bonita ou falar que admira o subcoma ndate Marcos. O tédio também influi. Tipo assim: meu trabalho está uma calmaria, vou arrumar um pretê no escritóri o. Depois de mais umas conversi nhas, ele vai se tornando cada vez mais seu pretê. Até que ele vira O PRETÊ. Pronto, nossas amigas passam a saber que temos um pretê novo e começam a emitir opiniões sobre o sujeito. Só que o pretê nem sabe que é um pretê (quer dizer, na maioria das vezes ele desconfia e joga um charme para a gente. Somos loucas, mas o masoqui smo não é mais a nossa especiali dade favorita). O problema é que conversi nha vai e conversi nha vem e pronto. Nosso método dá errado e perdemo s o pretê. Na verdade, nem chegamo s a ficar com ele. Pretê por acidente Esbarra mos com um passante em uma festa e ele nos agarra. Falamos com um amigo de um amigo nosso em um show e no final... ficamos com um amigo. E ele, que não era nada e nem era planejado -ainda nem tínhamos escolhido o nome- vira nosso pretê. Ele nasceu do acaso, porque a nossa bolha afetiva estourou, mas é amado e bem vindo. Esse é o método que mais dá certo. E aí você pergunta: "Como assim "o nome'?" Porque cada pretê tem um nome próprio, um apelidinh o. Pretê Aliancinh a, Pretê Poetinha, Pretê Academia etc. Senão, ficaríam os perdidas mentalm ente!

Inseminação artificial Um amigo nosso introduz o pretê na nossa vida. Ele decide que aquela pessoa tem tudo para nos fazer feliz e pronto. Arma um encontro, fala de um para outro. A famosa cupidage m. Às vezes, dá certo. Mas só depois da terceira tentativa, depois que finalment e decidimo s que vale a pena dar uma chance. Ou que consegui mos controlar o rubor facial e pensar... por que não?

Pretê a fórcepes Ele não quer ser nosso pretê. Só que a gente quer. E cada vez que ele quer menos, a gente quer mais. Aí, um dia, o agarram os e damos um beijo a força. Isso acontece geralme nte em momento s desespe rados, quando estamos sozinhas há tempo demais, carentes há tempo demais e por aí vai. E nunca dá muito certo.


Texto Anterior: Eu leio
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.