São Paulo, segunda-feira, 26 de janeiro de 2004

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MÚSICA

Gaúchos do Krisiun levam o metal às últimas conseqüências

Medidas extremas

DA REPORTAGEM LOCAL

Se você perguntar a um gringo o que ele sabe de metal brasileiro, há boas chances de ele ter duas bandas na cabeça: Sepultura e Krisiun.
Assim como aconteceu com os mineiros, os gaúchos do Krisiun conquistaram rapidamente a atenção dos "headbangers" de fora do Brasil com seu death metal poderoso, que segue a trilha aberta por Venom e Slayer nos anos 80.
Também semelhante à do Sepultura é a origem da banda, que foi forjada dentro de casa, por três irmãos fanáticos pelo heavy metal.
"Meu irmão Alex [baixo e vocal] tocava numa banda primitiva no interior do Estado e acendeu a chama. O Moyses aprendeu a tocar guitarra, e eu, bateria", conta Max Kolesne, 30.
Nesse começo nos anos 80, sem grana para comprar bons instrumentos, os então garotos do Krisiun improvisavam.
"Por muito tempo foi na raça. A gente não tinha instrumentos decentes e se virava: montava pedal de guitarra, fazia muita gambiarra", diz Kolesne, que montou sua primeira bateria roubando os tambores de fanfarra da escola onde estudava, em Chuí (RS).
Hoje o trio é conhecido por ir ao extremo do metal, tocando rápido e pesado. Contudo, só conheceu o metal radical depois de ouvir muito Black Sabbath, Judas Priest e Motörhead. "Só quando a gente começou a se interessar mais pelo underground, a conhecer o lado mais extremo de bandas como Venom e Slayer, foi que nasceu a paixão pela velocidade, pela agressividade."
E são essas as marcas registradas do Krisiun desde o álbum independente "Black Force Domain" (1995), que já trazia os ataques de bateria furiosos, os vocais guturais, a marcação forte de baixo e a guitarra de alta octanagem sonora.
Com esse disco, a banda conquistou um fã entre seus ídolos, o guitarrista Trey Azagthoth, do Morbid Angel, banda americana que fará uma turnê européia com o Krisiun a partir do dia 20/2.
Sobre o estilo agressivo, Kolesne diz que é um veio natural. "É uma brutalidade que vem de dentro de você, e aí você faz letras que o inspiram a tocar desse jeito agressivo, falando de guerras, do lado mau, obscuro da humanidade", diz o baterista, explicando por que a banda se baseia na história e em fatos reais, que espelhem a brutalidade e a violência, para escrever as letras.
Em favor de tiranos como Gengis Khan (1167-1227), a banda descarta o ocultismo que ronda o death metal. "A gente já se interessou por isso [o ocultismo], mas é uma coisa muito pessoal, e ninguém sabe nada. Existem coisas que foram escritas ou inventadas pelo próprio homem. A realidade é muito mais brutal", diz Kolesne.
Valendo-se dessa receita de extremismo lírico e sonoro, o Krisiun deu seu passo mais importante com a gravação de "Conquerors of Armageddon", em 2000, o primeiro disco lançado pela Century Media.
Com mais estrutura, os três puderam se dedicar só à banda e compuseram mais dois petardos -"Angeless Venomous" (2001) e "Works of Carnage"-, firmando posição no topo do metal extremo brasileiro.
No sábado, 7/2, o Krisiun faz show em São Paulo com Ratos de Porão e Korzus. No repertório, estão as músicas de "Works of Carnage", além de composições de seus discos anteriores. (GUILHERME WERNECK)


Krisiun, Ratos de Porão e Korzus
Quando: 7/2, às 20h
Onde: A1 SP (r. Funchal, 500, Vila Olímpia)
Quanto: de R$ 30 a R$ 60
Informações: tel. 0/xx/11/3171-2969



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