São Paulo, segunda-feira, 26 de abril de 2004

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MÍDIA

Rio recebe jovens que criam sozinhos programas para TV

Notícias da jovem Albânia

SYLVIA COLOMBO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

"Quero fazer programas para pressionar os políticos a cumprirem o que prometem", diz Klejvis Saliaj, 17. Nascido na pequena cidade de Ballsh, ao sul da Albânia, Saliaj chegou ao Rio de Janeiro com uma câmera na mão e algumas experiências para trocar.
Ele veio ajudar a apresentar o projeto Troç (papo direto, em albanês) dentro da 4ª Cúpula Mundial de Mídia para Crianças e Adolescentes, que aconteceu na semana passada, na Escola Naval, no centro do Rio de Janeiro.
Criado pelo Unicef, o Troç conta com a participação de mais de 70 jovens, de 13 a 18 anos, espalhados por todas as províncias da Albânia. Esses adolescentes escrevem, produzem e atuam como repórteres de um programa semanal que vai ao ar todos os sábados pela TV nacional albanesa. "Já entrevistei vários políticos, e pude cobrar deles que dêem a devida atenção à participação do jovem nas decisões que afetam diretamente a nossa vida", conta Saliaj ao Folhateen.

Pobreza
A Albânia é um dos países mais pobres da Europa, no sudeste da Europa, a beira do mar Adriático. Depois de passar por uma ditadura comunista que durou 46 anos e terminou no começo dos anos 90, o país teve a democracia instalada. Entretanto os albaneses ainda têm de lidar com a herança desse período de estagnação e com as dificuldades econômicas do presente, como uma infra-estrutura empobrecida, altíssimas taxas de desemprego e corrupção no governo. Durante as últimas décadas, essas dificuldades levaram muitos a deixar o país e procurar abrigo na Itália e em outros lugares.
Hoje, cerca de 40% da população albanesa tem menos de 19 anos de idade. Entre esses jovens, 44% dizem que gostariam de viver em um país ocidental, na Europa ou nos Estados Unidos.
Por causa dessa insatisfação e da insegurança quanto ao futuro, o Troç decidiu abordar problemas relacionados ao dia-a-dia dos adolescentes, como sua vida escolar, os meninos de rua, a delinqüência, o desemprego, o que fazer para lidar com doenças venéreas e drogas e também a prostituição e o suicídio.
Além disso, são assunto as mudanças de comportamento das pessoas por conta de o país ter abandonado o comunismo e estar caminhando para uma sociedade capitalista, o que traz transformações no consumo, na moda e em outros setores da vida diária.
"O primeiro trabalho que fiz foi sobre o impacto da exploração de petróleo na região onde eu vivo", diz Saliaj. "Eu não sabia nada sobre como operar uma câmera, mas aprendi e, logo na primeira vez, produzi e apresentei o programa."
O Unicef trabalha na Albânia desde 1992, e escolheu atuar com televisão por causa de sua presença no dia-a-dia da população. "A televisão é o principal meio de comunicação no meu país, por isso acho importante ensinar a fazer televisão e a veicular informação por essa via", diz Anila Miria, responsável pela implantação do projeto na cidade de Tirana, que é a capital albanesa.


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