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MÍDIA
Rio recebe jovens que criam sozinhos programas para TV
Notícias da jovem Albânia
SYLVIA COLOMBO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
"Quero fazer programas para pressionar os políticos a cumprirem o que
prometem", diz Klejvis Saliaj, 17. Nascido na pequena cidade de Ballsh, ao sul da
Albânia, Saliaj chegou ao Rio de Janeiro
com uma câmera na mão e algumas experiências para trocar.
Ele veio ajudar a apresentar o projeto
Troç (papo direto, em albanês) dentro da
4ª Cúpula Mundial de Mídia para Crianças e Adolescentes, que aconteceu na semana passada, na Escola Naval, no centro do Rio de Janeiro.
Criado pelo Unicef, o Troç conta com a
participação de mais de 70 jovens, de 13 a
18 anos, espalhados por todas as províncias da Albânia. Esses adolescentes escrevem, produzem e atuam como repórteres de um programa semanal que vai ao
ar todos os sábados pela TV nacional albanesa. "Já entrevistei vários políticos, e
pude cobrar deles que dêem a devida
atenção à participação do jovem nas decisões que afetam diretamente a nossa
vida", conta Saliaj ao Folhateen.
Pobreza
A Albânia é um dos países mais pobres
da Europa, no sudeste da Europa, a beira
do mar Adriático. Depois de passar por
uma ditadura comunista que durou 46
anos e terminou no começo dos anos 90,
o país teve a democracia instalada. Entretanto os albaneses ainda têm de lidar com
a herança desse período de estagnação e
com as dificuldades econômicas do presente, como uma infra-estrutura empobrecida, altíssimas taxas de desemprego e
corrupção no governo. Durante as últimas décadas, essas dificuldades levaram
muitos a deixar o país e procurar abrigo
na Itália e em outros lugares.
Hoje, cerca de 40% da população albanesa tem menos de 19 anos de idade. Entre esses jovens, 44% dizem que gostariam de viver em um país ocidental, na
Europa ou nos Estados Unidos.
Por causa dessa insatisfação e da insegurança quanto ao futuro, o Troç decidiu
abordar problemas relacionados ao dia-a-dia dos adolescentes, como sua vida escolar, os meninos de rua, a delinqüência,
o desemprego, o que fazer para lidar com
doenças venéreas e drogas e também a
prostituição e o suicídio.
Além disso, são assunto as mudanças
de comportamento das pessoas por conta de o país ter abandonado o comunismo e estar caminhando para uma sociedade capitalista, o que traz transformações no consumo, na moda e em outros
setores da vida diária.
"O primeiro trabalho que fiz foi sobre o
impacto da exploração de petróleo na região onde eu vivo", diz Saliaj. "Eu não sabia nada sobre como operar uma câmera,
mas aprendi e, logo na primeira vez, produzi e apresentei o programa."
O Unicef trabalha na Albânia desde
1992, e escolheu atuar com televisão por
causa de sua presença no dia-a-dia da população. "A televisão é o principal meio
de comunicação no meu país, por isso
acho importante ensinar a fazer televisão
e a veicular informação por essa via", diz
Anila Miria, responsável pela implantação do projeto na cidade de Tirana, que é
a capital albanesa.
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