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CIDADANIA
Meu primeiro título
Conheça uma galera que, mesmo sem ser obrigada,
fez o documento para votar nas eleições deste ano
SAMIA MAZZUCCO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Nas eleições municipais
de 2008, Raquel Dias,
16, ainda não podia votar. Nem por isso deixou de escolher seu candidato a prefeito
de São Paulo.
"Li as histórias de vida e as
propostas de governo. Não votei porque tinha 14 anos, mas
formulei minha opinião", diz.
Nesta semana, ela vai fazer
seu título, e conta que vai estudar para fazer sua escolha, agora para valer, para as eleições de
3 de outubro -quando serão
escolhidos, além do novo presidente do país, governadores,
senadores e deputados estaduais e federais.
O interesse de jovens como
Raquel pelas eleições se explica, em parte, segundo a cientista política Lúcia Avelar, da Universidade de Brasília, pela melhora na escolaridade dos adolescentes nos últimos anos.
"Com mais educação, eles tendem a ter mais consciência política e escolhem melhor."
Raquel vai se juntar ao 1,8
milhão de jovens de 16 e 17 anos
(cujo voto é facultativo) de todo
o país que até março já possuíam título de eleitor. As inscrições vão até o dia 5 de maio.
Exercer o direito ou apenas
treinar para "votar melhor" no
futuro são alguns dos motivos
que levam essa galera a fazer o
documento. A dispensa do trabalho como mesário, exclusivo
para quem é obrigado a votar
(de 18 a 70 anos), também é
apontada como fator decisivo
para antecipar o título.
Para Paloma Romero, 17, o
que contou foi a vontade de ajudar a resolver os problemas do
Brasil. "Desde os dez anos tinha
em mente que faria o título
com 16. Acho a melhor forma
de participar, pois o voto é um
poder que temos para mudar."
Para escolher os candidatos,
ela diz que, além de se informar
em jornais, sites e televisão,
discute o assunto com a família.
"Tem muita divergência política nas conversas, o que é interessante, pois preciso ver pontos bons e ruins para decidir."
Já Marcos Yuji, 16, vê a primeira eleição como um treino
para se "acostumar a votar".
Uma dúvida é: como escolher
em quem votar para deputado
estadual, por exemplo, com dezenas de candidatos? "Não tinha pensado nisso! Acho que
vou escolher um partido primeiro e depois um nome", diz
Gabriela dos Santos, 16.
Paloma, que participou do
Parlamento Jovem Paulista
(projeto em que adolescentes
simulam ser deputados), acha
que não terá dificuldades.
Para contar como são as etapas para fazer o título, o Folhateen acompanhou Gabriela até
um cartório no Butantã, bairro
onde ela mora.
Para agilizar o processo, ela
se inscreveu na internet (veja
quadro na pág. ao lado). No cartório enfrentou fila, onde uma
funcionária checava os documentos que devem ser apresentados. O atendimento em si
foi rápido: ela assinou alguns
papéis e o título foi impresso na
hora. Depois de 43 minutos, ela
foi embora com o documento.
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