São Paulo, segunda-feira, 26 de abril de 2010

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CIDADANIA

Meu primeiro título

Conheça uma galera que, mesmo sem ser obrigada, fez o documento para votar nas eleições deste ano

SAMIA MAZZUCCO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Nas eleições municipais de 2008, Raquel Dias, 16, ainda não podia votar. Nem por isso deixou de escolher seu candidato a prefeito de São Paulo.
"Li as histórias de vida e as propostas de governo. Não votei porque tinha 14 anos, mas formulei minha opinião", diz.
Nesta semana, ela vai fazer seu título, e conta que vai estudar para fazer sua escolha, agora para valer, para as eleições de 3 de outubro -quando serão escolhidos, além do novo presidente do país, governadores, senadores e deputados estaduais e federais.
O interesse de jovens como Raquel pelas eleições se explica, em parte, segundo a cientista política Lúcia Avelar, da Universidade de Brasília, pela melhora na escolaridade dos adolescentes nos últimos anos. "Com mais educação, eles tendem a ter mais consciência política e escolhem melhor."
Raquel vai se juntar ao 1,8 milhão de jovens de 16 e 17 anos (cujo voto é facultativo) de todo o país que até março já possuíam título de eleitor. As inscrições vão até o dia 5 de maio.
Exercer o direito ou apenas treinar para "votar melhor" no futuro são alguns dos motivos que levam essa galera a fazer o documento. A dispensa do trabalho como mesário, exclusivo para quem é obrigado a votar (de 18 a 70 anos), também é apontada como fator decisivo para antecipar o título.
Para Paloma Romero, 17, o que contou foi a vontade de ajudar a resolver os problemas do Brasil. "Desde os dez anos tinha em mente que faria o título com 16. Acho a melhor forma de participar, pois o voto é um poder que temos para mudar."
Para escolher os candidatos, ela diz que, além de se informar em jornais, sites e televisão, discute o assunto com a família. "Tem muita divergência política nas conversas, o que é interessante, pois preciso ver pontos bons e ruins para decidir."
Já Marcos Yuji, 16, vê a primeira eleição como um treino para se "acostumar a votar".
Uma dúvida é: como escolher em quem votar para deputado estadual, por exemplo, com dezenas de candidatos? "Não tinha pensado nisso! Acho que vou escolher um partido primeiro e depois um nome", diz Gabriela dos Santos, 16.
Paloma, que participou do Parlamento Jovem Paulista (projeto em que adolescentes simulam ser deputados), acha que não terá dificuldades.
Para contar como são as etapas para fazer o título, o Folhateen acompanhou Gabriela até um cartório no Butantã, bairro onde ela mora.
Para agilizar o processo, ela se inscreveu na internet (veja quadro na pág. ao lado). No cartório enfrentou fila, onde uma funcionária checava os documentos que devem ser apresentados. O atendimento em si foi rápido: ela assinou alguns papéis e o título foi impresso na hora. Depois de 43 minutos, ela foi embora com o documento.


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