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ESCUTA AQUI
Cena falsificada complica vencedor do Oscar
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
COLUNISTA DA FOLHA
Se você ainda acredita no ser humano, pare
de ler esta coluna agora. O que vem a seguir pode ser uma decepção dolorosa demais.
"Escuta Aqui" de hoje vai contar a verdade
sobre um dos nomes mais respeitados e inatacáveis (até agora) da indústria do entretenimento: o documentarista americano Michael
Moore, vencedor do Oscar de 2003 por "Tiros
em Columbine", em cartaz no Brasil.
Quando teve a coragem de fazer um discurso fulminante contra George W. Bush
e companhia bela,
na entrega do Oscar,
Michael Moore foi
elogiado em todos
os cantos de nosso
planetinha azul
-inclusive em "Escuta Aqui".
Isso porque Moore, figura bizarra,
tem como especialidade, em seus filmes e programas de TV, arranhar a fachada asséptica da sociedade americana.
O documentário "Tiros em Columbine",
por exemplo, ridiculariza uma obsessão atávica da população dos EUA: a posse de armas
"para defesa".
Na cena mais marcante do filme, aquela que
todos comentam ao sair do cinema, ele mostra um banco do sul do país que dá um rifle de
brinde a quem abre uma conta. Moore está lá,
no tal banco, e tira uma onda com a tiazinha
responsável pela promoção.
Agora vem a bomba: a cena foi armada.
A revelação está na recém-lançada revista
nova-iorquina "Radar", que destaca, em seu
número de estréia, as personalidades mais intragáveis dos Estados Unidos. Michael Moore
é uma delas.
Segundo a reportagem, o procedimento
normal do banco é dar ao novo cliente uma
espécie de vale-rifle. A arma só pode ser retirada na loja depois de uma investigação sobre
os antecedentes da pessoa.
Moore conseguiu convencer a funcionária
do banco de que essas várias etapas estragariam o ritmo do filme. Ela aceitou, então, entregar o rifle no ato -para acabar espinafrada
sem dó na edição final.
Um ex-empregado dá a seguinte declaração
à "Radar": "Se reuníssemos todas as pessoas
para quem trabalhar com Michael foi a experiência mais desagradável de suas vidas, teríamos de alugar um estádio bem grande."
O texto sobre Moore na "Radar" é pequeno,
mas devastador. Conta que ele, suposto campeão dos direitos civis, pressionou o quanto
pôde sua equipe de redatores para que eles
não se filiassem ao sindicato da categoria. Não
conseguiu.
Numa palestra no Museu da Tolerância de
Los Angeles desdenhou de estudantes que lhe
perguntaram se a limusine parada na porta
era dele. Depois, esperou todos irem embora... e embarcou na limusine!
Moral da história:
não acredite em nada
nem ninguém. Depois
não diga que eu não
avisei.
Álvaro Pereira Júnior, 40, é editor-chefe do "Fantástico" em São Paulo
E-mail: cby@uol.com.br
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