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São Paulo, segunda-feira, 26 de maio de 2003

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FOLHATEEN INDICA

Identidade genética entre as duas espécies seria de 99,4%

Pesquisa amplia parentesco entre chimpanzés e homens

DA REDAÇÃO

A té pouco tempo atrás eles eram considerados nossos primos. Desde a semana passada já podemos chamá-los de irmãos. Não, não se trata daquelas pessoas que a gente encontra nos casamentos e no Natal. Esses a gente costuma ver só no zoológico.
Um grupo de cientistas norte-americanos, liderados pelo biólogo Morris Goodman, da Universidade Wayne, em Detroit, comparou 97 genes de humanos, chimpanzés, gorilas, orangotangos e outros macacos. Resultado: descobriu que o grau de semelhança, nas regiões do DNA analisadas, é de 99,4% entre seres humanos e chimpanzés. "Eles estão muito mais próximos dos humanos que dos gorilas e dos orangotangos", disse Goodman.
A descoberta permitiria alterar a atual classificação do gênero Homo, do qual o Homo sapiens era, até agora, a única espécie com representantes vivos.
Já os chimpanzés, hoje, pertencem ao gênero Pan. A equipe de Goodman sugere que sejam estabelecidas três novas espécies sob o gênero Homo. Uma seria a dos Homo (Homo) sapiens, à qual pertence a espécie humana; a segunda, Homo (Pan) trogloditas, abarcaria os chipanzés comuns; e uma terceira, Homo (Pan) paniscus, designaria o grupo ao qual pertencem os chimpanzés bonobos.
Os principais beneficiários dessas mudanças seriam os próprios chimpanzés. Como esses animais são utilizados como cobaias, ativistas de direitos dos animais terão argumentos para protestar contra pesquisas biomédicas envolvendo "humanos".
Com a chegada desse "novo" parente, o próximo passo seria descobrir o 0,6% de diferença genética que torna o Homo sapiens capaz de compor músicas, construir prédios e fazer pesquisas científicas.
Discordâncias
Há porém aqueles que não concordam com as novas conclusões. O antropólogo Ian Tattersal, do Museu Americano de História Natural, considera 99,4% de identidade um número pequeno. "E insignificante, comparado às diferenças morfológicas e cognitivas produzidas por esse 0,6%", argumenta.
Para o antropólogo físico Walter Neves, da USP, o problema dos estudos genéticos é que eles partem do raciocínio "simplista" de que os genes têm todos o mesmo valor, ou seja, de que diferenças percentuais no número de sequências de DNA podem servir como critério para aproximar ou não duas espécies.
"Não dá para achar que todo gene tem o mesmo peso." Segundo Neves, um gene que regula o efeito de vários outros não pode ser comparado a um que produza uma proteína simples. "Só vamos poder comparar quando houver uma hierarquia de genes", afirmou.

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