São Paulo, segunda-feira, 27 de novembro de 2006

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comportamento

Morte de modelo não assusta blogueiras pró-anorexia

Na internet, vítimas do distúrbio mantém discurso de magreza extrema; na escola, doença vira tema de monografia de estudante

DA REPORTAGEM LOCAL

Nos blogs pró-ana e pró-mia, aqueles que defendem a anorexia e a bulimia, a morte da modelo Ana Carolina Reston aos 21 anos não foi motivo de susto entre garotas que sofrem desses distúrbios alimentares graves e que podem levar à morte se não forem tratados.
"O caso de Ana Carolina não foi o primeiro nem será o ultimo. Por que ninguém entende isso de uma vez? A verdade é triste e dói, mas é uma só", escreveu uma garota em seu blog.
"Eu odeio essa mídia maldita. Só fazem sensacionalismo em cima do sofrimento alheio e ainda chamam atenção para nós. Tá todo mundo no meu pé. Minha "sorte" é que engordei", publicou outra.
Na semana passada, o Folhateen visitou cerca de 20 blogs pró-ana e pró-mia. Em quatro deles, o medo da morte é claramente menor do que a vontade de estar magérrima. E o que deveria ser um exemplo para uma boa alimentação se tornou uma espécie de estímulo na visão distorcida dessas adolescentes.
Atenta para essa questão, a estudante Carolina Esquilante Melo, 16, aluna do segundo ano do ensino médio, escolheu a anorexia como tema para sua monografia na escola. Ela pesquisou sobre o distúrbio em livros de medicina e nos blogs de garotas vítimas da doença.
"No começo eu achava que anorexia era uma futilidade, que essas garotas só queriam aparecer. Depois percebi que o que elas buscam é uma coisa imposta pela sociedade: essa exigência de ser magra. Elas só querem ser aceitas", diz.
"Todas as revistas falam muito de dieta. Na TV, o padrão de mulher bem-sucedida é sempre uma mulher magra. Acho errada essa imposição, principalmente na adolescência, quando os jovens estão se descobrindo. As pessoas são diferentes e precisam aprender a aceitar isso", ensina a estudante Carolina. (LETICIA DE CASTRO E LEANDRO FORTINO)


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