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POLÍTICA
Rumo ao Fórum Social Mundial
Cidade da Juventude vai abrigar 10 mil pessoas
DA REPORTAGEM LOCAL
A partir da próxima quinta (31/1)
começa em Porto Alegre, Rio
Grande do Sul, o Fórum Social
Mundial, que reúne políticos, intelectuais, universitários, "ongueiros"
e ativistas para pensar alternativas
ao neoliberalismo do Fórum Econômico Mundial.
Como ocorre em poucos eventos
dessa grandeza, a participação da
juventude na proposição de idéias é
um ingrediente fundamental para o
sucesso do fórum, fortalecendo o
espírito de Seattle.
Esperando a ida de pelo menos 10
mil jovens vindos de aproximadamente 50 países -até o final das
pré-inscrições havia 9.500 confirmados-, os organizadores criaram
o 2º Acampamento Intercontinental, que servirá de alojamento e terá
uma programação independente.
O acampamento foi montado na
área do parque Harmonia e batizado de Cidade da Juventude Carlo
Giuliani, em homenagem ao jovem
ativista morto durante as manifestações contra a reunião do G-8 (grupo formado pelos sete países mais
ricos do mundo, mais a Rússia) em
Gênova, em julho de 2001.
De acordo com os organizadores
do acampamento, ele abrigará três
eixos de atividades. O primeiro será
o residencial, que terá espaço para
abrigar 5.000 barracas pequenas,
banheiros e churrasqueiras.
O segundo dará conta das atividades e terá palco e auditórios, onde
serão realizados oficinas, debates,
feiras de artesanato, exposições de
cinema, de teatro, de dança, de artes
plásticas, de moda, de charges, de
grafite e de fotografia.
O terceiro eixo é relativo ao convívio e destinará um espaço ao intercâmbio entre os acampados e os demais participantes do fórum. Nesse
eixo, estão incluídas as áreas administrativa e de comunicação, além
do galpão de reciclagem de lixo.
Toda a montagem do acampamento teve por princípio o lema
"Um outro mundo é possível" e levou em conta o respeito à natureza,
utilizando técnicas de mínimo impacto ambiental, como casas de fardo de palha e construções com
bambu ou taipa de sopapo. Outro
ponto interessante é o uso de reciclagem de resíduos sólidos e de banheiro seco ou compostado.
"Com certeza, neste ano temos
uma estrutura maior e melhor. Mas
vamos discutir com os participantes
formas de eles colaborarem na administração do espaço", diz Everton Rodrigues, 25, membro do comitê organizador do Acampamento Intercontinental.
Duas questões preocupam a organização. A primeira diz respeito aos
adolescentes com menos de 18
anos, e a segunda, à segurança.
"Nós pedimos àqueles que têm
menos de 18 anos que tragam uma
autorização dos pais ou dos responsáveis. Os que não trouxerem autorização terão um tratamento especial porque nós teremos responsabilidade sobre eles", diz Rodrigues.
Em relação à segurança, para que
não haja tumulto, os organizadores
estão debatendo com a prefeitura,
com o governo do Estado e com os
movimentos que irão participar do
evento as melhores formas de atuação das polícias locais.
A organização do acampamento
estima que a maior parte dos jovens
que ficarão hospedados na Cidade
da Juventude venha de São Paulo.
Apenas o Diretório Central dos Estudantes da Universidade de São
Paulo enviará 350 alunos de diferentes faculdades em oito ônibus.
Esses alunos participarão de atividades variadas.
O Centro Acadêmico 11 de Agosto, da Faculdade de Direito da USP,
cujos representantes participarão
de uma oficina sobre democratização do direito, vai mandar mais dois
ônibus.
O KVA, que durante o ano realizou uma série de eventos para levantar fundos para enviar jovens ao
fórum, mandará um ônibus.
Congregando um público mais
heterogêneo, que contará com estudantes de escolas particulares e de
universidades, representantes de
partidos políticos, de sindicatos, de
ONGs, de movimentos sociais e de
fundações, o Comitê da Juventude
de São Paulo levará mais quatro
ônibus.
Mesmo incluindo pessoas com
objetivos diferentes, o comitê prepara uma agenda básica de discussões, que gira em torno da defesa da
juventude.
(GUILHERME WERNECK)
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