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MÚSICA
Com o corpo do Guns N" Roses e a cabeça do Stone Temple Pilots, o Velvet Revolver quer abalar o rock
Quem tem medo de Axl Rose?
Associated Press
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A partir da esq., Slash, Duff McKagan, Scott Weiland, Dave Kushner e Matt Sorum, integrantes do Velvet Revolver |
LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA
A era "monstros do rock" ganha real
sentido agora, quando finalmente
vem à luz o muito misterioso Velvet Revolver, seu primeiro disco sujo, seus
integrantes de comportamento explosivo,
as caras de maus, as frases para assustar e
sua tacada ambiciosa para derrubar todo
mundo das paradas de sucesso.
O "monstro" não é força de expressão.
Banda-frankenstein formada com o corpo
do Guns N" Roses e a cabeça do Stone Temple Pilots, o Velvet Revolver já chega abalando o rock atual, mas com prazo de validade incerto. Ninguém sabe o quanto vai
durar a reunião do auto-destrutivo Scott
Weiland (STP) com o guitarrista Slash, o
baixista Duff McKagan e o baterista Matt
Sorum, ex-companheiros de Axl Rose,
aquele. Completa a banda o guitarrista Dave Kushner, ex-Suicidal Tendencies.
"Não sei se você vai entender, mas o Velvet Revolver é uma verdadeira banda real
de rock", disse Scott Weiland à Folha, em
entrevista por telefone, de Los Angeles.
"Viemos para mudar algumas coisas",
acredita o roqueiro, conhecidíssimo na
música alternativa americana tanto quanto
nas clínicas de desintoxicação californianas, desde que o Stone Temple Pilots seguia
a trilha do Nirvana, nos anos 90.
Weiland foi o último "pedaço" a entrar
no Velvet Revolver. O projeto começou
com ensaios algo secretos em 1992, quando
os "gunners" da banda resolveram tocar a
vida e desencanar de Rose e do "roses". E
foi exatamente por causa da entrada do vocalista que a banda não ficou com cara de
Guns n" Roses 2.
"Sabia que havia muito tempo que os caras estavam ensaiando. Aí, teve um dia em
que Duff me ligou. Disse que eu era o vocalista que eles queriam. Mas
eu não podia aceitar. Ainda
estava envolvido com o
Stone Temple Pilots."
"A coisa estava embaçada. Não sabíamos se o STP
acabava ou não. As conversas com a gravadora não
chegavam a lugar nenhum.
Passaram alguns meses e eu
pensei: "Preciso fazer alguma coisa", porque estava
definhando. Encontrei com
Duff e, quando ele esboçou
um novo convite, disse: "Estou nessa!"."
Mudar algumas coisas no
rock, como proclama Weiland, talvez não seja o caso,
já que o recém-lançado álbum "Contraband" não faz mais do que sacudir o mofo grunge, aplicar bons, mas comuns, hard rock e escalar as indefectíveis
baladas. Mas, sobre o "impacto maciço",
esse já pode ser sentido no resultado das
vendas do desencantado CD, que teve seu
lançamento adiado pelo menos três vezes.
"Contraband", que foi às lojas americanas no dia 8 de junho e chega agora às brasileiras, vendeu lá 250 mil cópias na primeira semana, marca considerada a melhor estréia de uma banda de rock na "Billboard"
em anos. O disco entrou no top dez de onze
países, fora os EUA.
"Estamos nessa pelo rock. Se vai vender,
se vai tocar no rádio, não me interessa",
disse Weiland. O reloginho do Velvet Revolver foi disparado.
GUILHERME WERNECK
EDITOR-ADJUNTO DA ILUSTRADA
Todo mundo sabe que a cabeça foi
mesmo a última parte do corpo a ser
colocada nesse frankenstein furioso
que é o Velvet Revolver. O que não se sabe é
que o coração da banda, o guitarrista Slash,
não tinha noção do que passava por aquela
cabeça até ouvir os seus trinados.
"Eu não tinha percebido o quanto a gente
precisava do Scott Weiland até ouvi-lo cantar. A gente já tinha feito um monte de músicas, mas precisava de um vocalista. Ouvimos uma porção de gente boa, mas nenhuma dessas pessoas tinha a personalidade
que a gente precisava", disse Slash, 38, de
Los Angeles (EUA).
"Quando o Scott chegou e começou a
cantar, a voz dele era diferente de tudo o
que a gente esperava. O jeito como ele canta
não é nada previsível, isso só fez com que ficássemos mais excitados de tê-lo na banda.
Ele se mostrou o cara certo e deu às músicas que a gente escreveu um tipo de selo de
originalidade."
Essa surpresa é mais do que justificada,
pois a idéia de levar Weiland para fazer um
teste com a banda foi do baixista Duff
McKagan. "Conhecia algumas músicas,
mas nunca tinha visto o Stone Temple Pilots ao vivo ou tive um disco deles em
casa. Achava que o STP tinha um
pouco essa coisa de rock de
vanguarda, por um lado,
mas, por outro, parecia
um cruzamento de John
Lennon com Billy Idol",
comentou o ex-Guns N"
Roses.
Com Weiland no Velvet Revolver, foram criadas as músicas de "Contraband", mas antes do
CD, a banda fez dois testes. O primeiro foi incluir
um cover de "Money", do
Pink Floyd, na trilha de "Saída
de Mestre", de F. Gary Gray, e "Set
Me Free", lançada na trilha de "Hulk", de
Ang Lee. "Havia muita expectativa em torno da banda, então achei que seria mais legal lançar primeiro um cover. E foi ótimo,
porque tirou a pressão de cima de nós",
disse Slash.
A música "Set Me Free" foi outro tiro certeiro. Na semana em que foi lançada, bateu
o recorde de downloads no iTunes. Mas
Slash diz nem se importar com isso.
Só que, não fosse a internet, o barulho em
torno da banda teria sido menor. Há mais
de ano, sites de fãs dão palpites e chutes de
como o novo supergrupo deveria chamar.
Entre os nomes, há alguns hilários como
Guns N" Roses Minus Axl.
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