São Paulo, Segunda-feira, 28 de Junho de 1999
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Onde ecologia e misticismo se encontram Um por todos, todos por um

da enviada especial
Silvia Ruiz/Folha Imagem
Depois do almoço, a turma da OCA coloca ordem na cozinha


O dia começa cedo na OCA. A turma toma um banho de cachoeira e vai ao trabalho. Divididos em grupos, eles se revezam nas tarefas para manter tudo funcionando. Um cuida da horta orgânica (de onde sai 70% do alimento consumido por eles), outro produz móveis para as casas da comunidade, outro se encarrega da cozinha, e assim por diante.
Ao meio-dia, o berrante soa. Pouco a pouco, a turma toda se reúne no galpão comunitário para se servir do almoço preparado por três integrantes do grupo. Depois, cada um lava seu prato na cozinha e volta ao trabalho.
A OCA (Oficina de Ciências e Artes), uma das comunidades mais bem organizadas de Alto Paraíso, foi criada para ser uma espécie de escola para jovens voltada para as ciências e as artes. O projeto mantém oficinas de marcenaria, capoeira, dança, teatro e espaço para meditação, além de promover algumas das melhores e mais ""viajantes" festas da cidade.
Em 95, o coordenador, Atmo Yatri Xá, que já vivia na cidade, e um empresário de São Paulo se juntaram e começaram a desenvolver a idéia.
Compraram terras, começaram a construir galpões, chamaram outros amigos, e em pouco tempo uma comunidade foi se formando em torno do projeto. Tornou-se uma ONG voltada para a proteção do meio ambiente da Chapada dos Veadeiros. Entre as terras adquiridas pelo grupo está a Cara Preta, onde fica a nascente do rio Preto, o mais importante da região.
Hoje, cerca de 40 pessoas moram na OCA, em um sítio de aproximadamente 50 mil m2. Entre elas, 30 jovens e adolescentes, que vivem como uma grande família. ""Aqui há gente de todas as religiões. Nossa união é pelo trabalho e pela criatividade", diz Xá.
""A escola normal não me serviu para nada. Só para aprender a ler. Aqui aprendi a cozinhar, a mexer com madeira e com a terra e a me relacionar com os outros. Isso é a minha família", diz Bodhidharma, 17, de Recife.
Ele parou de frequentar a escola regular na sétima série, mas diz que na comunidade pode aprender outras coisas que considera mais importantes. ""Não penso no futuro. Eu estou aqui, agora. Essa é a única certeza que eu tenho."


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