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CAPA
Hoje, 30 garotas do Brasil inteiro esperam ouvir a palavra "vencedora" na final do concurso que revelou Gisele Bündchen
Em busca da nova Gisele
Eduardo Knapp/Folha Imagem
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À frente, Michele Rosa, 15, no espelho, da esq. para a dir., Débora Rossetto, 15, Lucilene Santos, 14, Mariana Poletto, 14, e Daniela de Géa, 14; final reúne lindas de estilos diferentes |
CLAUDIA ASSEF
DA REPORTAGEM LOCAL
O sonho de virar uma Gisele Bündchen da noite para o
dia provavelmente passará pela cabeça da garota que
vencer hoje a final do Dakota Elite Model 2000. O concurso, que elege "new faces" há 12 anos no Brasil, revelou, além de Gisele -que, pasmem, ficou em segundo
lugar na edição de 1994-, tops brasileiras que fazem sucesso no exterior, entre elas, Fernanda Tavares, Isabeli
Fontana e Ana Beatriz Barros.
Este ano, o concurso recebeu mais de 30 mil inscrições de meninas com idades entre 13 e 20 anos. Muitas
dessas garotas nunca haviam sonhado em ser modelos.
"Nem achava que eu levava muito jeito para a coisa. Foi
uma amiga que insistiu para que eu me inscrevesse", diz
a finalista Mariana Poletto, 14, de Natal (RN). Além das
inscrições espontâneas, olheiros da Elite circularam por
shoppings, praias e bares à procura de novos rostos.
Das mais de 30 mil inscritas, apenas 30 conseguiram
chegar à final, que será realizada hoje à noite num clube
de São Paulo. Quem chegou até aqui já tem garantido
um contrato com a Elite, o que pode render, segundo
cálculos da própria agência, cachês de R$ 2.000 a R$
5.000 por mês. "É claro que algumas dessas meninas decolam mais rápido, como aconteceu com a Gisele, e acabam ganhando muito dinheiro em pouco tempo", diz a
diretora de marketing da agência, Liliana Gomes.
Quem vencer hoje participará da final mundial do
concurso, que acontece em 9 de setembro, em Genebra,
Suíça. Se ganhar lá, a "new face" brasileira vai garantir a
bolada de US$ 625 mil em contratos com a Elite internacional. No ano passado, a brasileira Raica Oliveira, 16,
pegou o segundo lugar na final mundial. Em menos de
um ano de carreira, a garota virou top: desfila para estilistas como John Galliano e faz campanhas para grifes
como a Christian Dior.
Luxo, riqueza e fome
As 30 meninas que chegaram à final do concurso já começaram a sentir que a vida de modelo não é só luxo e
riqueza. Daniela de Géa, 14, que veio de Rio Claro, interior de São Paulo, levou uma chamada do pessoal da
agência. "Disseram que eu tinha de perder cinco quilos.
Fechei a boa e emagreci em um mês", diz a garota, que se
achava gordinha com 59 quilos distribuídos em 1m71.
Daniela, que foi dançarina do programa "Fantasia", do
SBT, também era considerada muito malhada. "Ficava
dançando o dia inteiro. Tinha pernas muito grossas."
Com os cachês que deverá conseguir "modelando", a
garota pretende ajudar o pai, vendedor autônomo de
enxovais, e a mãe, dona-de-casa.
Outra que briga com a balança é Débora Rossetto, 15,
de Chapecó (SC). A garota sofre só de pensar em bolos e
sorvetes. "Às vezes, me pergunto se vale a pena tanto sacrifício", filosofa. "Mas, se eu quiser mesmo ser modelo,
vou ter que deixar sobremesas de lado sempre", diz.
Lilian Queiroz, 14, de Paraíso, em Minas Gerais, conta
que só agora acha graça no apelido que ganhou na escola. "Ficava louca quando me chamavam de Olívia Palito", diz. "Eu era muito magrela e era meio complexada.
Mas agora vejo que isso me ajudou muito."
A mineira Luana Ingletto, 14, acha que ser modelo vale
qualquer sacrifício. "É muito legal poder ganhar o próprio dinheiro, ser independente. Se eu tiver muito dinheiro um dia, vou comprar uma ilha", sonha. Luana só
não gosta da inveja que, segundo ela, já começou a rolar.
"Minhas amigas mesmo torcem por mim. Mas sei de
gente que já começou a falar mal."
Hoje à noite, quando sair a vencedora do concurso,
quem sabe, mais uma gata borralheira vire cinderela.
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