|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Música
Faz 20 anos
Folha Imagem
|
Os Titãs em 1986; eles acreditavam em "Cabeça Dinossauro", apesar da crítica |
Lançados em 1986, discos dos Titãs ("Cabeça Dinossauro"), Paralamas ("Selvagem?") e Legião Urbana ("Dois") mudaram o rock brasileiro
LUIZ FELIPE CARNEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Você acha que "Selvagem?" antecipou o
mangue beat? O que
você ouve na música
de Charlie Brown
Jr. e Raimundos que remete ao
som de "Cabeça Dinossauro"?
Você sabia que, das 12 músicas
do álbum "Dois", nove foram
regravadas por outros artistas?
Os três discos, que completam 20 anos agora, foram fundamentais para a música que é
feita hoje no país, analisa o jornalista Ricardo Alexandre, autor do livro "Dias de Luta - O
Rock e o Brasil dos Anos 80" e
editor da revista "Bizz".
"O "Selvagem?", dos Paralamas, rompeu com o clichê de
rock importado de guitarras
que vigorava e reposicionou a
música jovem brasileira. "Cabeça Dinossauro", dos Titãs, leva a
agressividade como um canal
de manifestação, que era um
dado inédito até então. No
"Dois", o grupo Legião Urbana,
pela primeira vez, adota a postura do não-marketing, de bandas incomodadas pelo sucesso", afirma o jornalista.
Guilherme Bryan, autor do
livro "Quem Tem um Sonho
Não Dança - Cultura Jovem
Brasileira nos Anos 80", concorda. "Com esses discos, os
Paralamas e o Legião mostraram que não eram uma cópia
do The Police e dos Smiths.
Eles podiam ir além, com uma
identidade própria", diz.
Parte da história
Na época, entretanto, os integrantes de Paralamas do Sucesso, Titãs e Legião Urbana
não imaginavam que os álbuns
fossem fazer parte da história
da MPB.
Segundo o baterista João Barone, os Paralamas do Sucesso
só queriam fazer algo diferente
e não repetir a fórmula do disco anterior, "O Passo do Lui". "A
gente apostou todas as nossas
fichas de novo. Se desse errado,
voltaríamos para a universidade e pronto", afirma.
Dado Villa-Lobos, guitarrista
do Legião Urbana, não esperava muito de "Dois". "Estávamos diante de um grande desafio. Eu não tinha a menor noção
do possível resultado daquela
experiência. Queria aprender a
tocar o melhor possível aquelas
músicas."
O músico ressalta uma especial importância de "Dois" na
história da banda. "A gente se
acostumou com o ambiente no
estúdio, como se fosse a extensão de casa. Acreditamos que
era realmente possível fazer
música e discos a partir desse
disco", diz.
Resistência
Apesar de acreditarem no
trabalho, os Titãs passaram por
alguma resistência inicial. "Estávamos muito convictos, e a
gravadora parecia acreditar na
gente, mas algumas pessoas da
imprensa levaram muito tempo para entender e valorizar o
disco", diz o tecladista e vocalista Sérgio Britto.
Segundo o músico, foi nesse
disco que a banda inventou o
seu vocabulário musical. "Já fizemos muita coisa e não somos
mais só a banda do "Cabeça Dinossauro". Apesar disso, devo
confessar que, quando falamos
em fazer um arranjo ou uma
canção "à la Titãs", é sempre nele que pensamos."
LUIZ FELIPE CARNEIRO participou do 41º Programa de Treinamento da Folha, que foi patrocinada pela Philip Morris Brasil
>>NA INTERNET - Quizz sobre rock dos
anos 80, galeria de imagem, discografia dos anos 80 e "por que ouvir"
e íntegra de entrevistas em
www.folha.com.br/0617110
Texto Anterior: Cinema: Perseguição de namorados Próximo Texto: Música: A inspiração está na estante Índice
|