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O adeus dos Cavalera
DANIEL BUARQUE
DA REDAÇÃO
"O
Sepultura permanece." É
com essa idéia,
de que ninguém é insubstituível, que Paulo Xisto, baixista do Sepultura e último remanescente do quarteto original
que em 1985 gravou a primeira
demo "Bestial Devastation/Século 20", fala sobre o recente
lançamento de "Dante 21" e o
futuro da banda.
Aos 21 anos, o Sepultura lança seu 11º disco de estúdio e separa de vez sua identidade do
nome Cavalera, sobrenome dos
irmãos Iggor e Max, fundadores do grupo. O disco é a última
gravação de Iggor (agora com
dois "g") com o grupo.
Logo no início da turnê de
lançamento em que fizeram 40
shows na Europa, Iggor, baterista e fundador do Sepultura,
deixou a banda. Quase dez anos
antes disso era o outro Cavalera, Max, então "frontman", que
saía para formar o Soulfly.
Disco nas lojas, banda no palco. E realmente o grupo não parece abalado pela saída do baterista. "Já temos dez shows
agendados no Brasil, fora turnê
nos EUA e festivais agendados
até o próximo ano", contou
Paulo em entrevista ao Folhateen na última sexta. Segundo
ele, o plano imediato é fazer
shows. Depois, entrar em estúdio, voltar a gravar e manter o
Sepultura em atividade.
No lugar de Iggor, Jean Dolabella e a difícil missão de dar
conta do trabalho de quem já
foi apontado por inúmeras revistas especializadas como o
melhor baterista do mundo.
Paliativo? "Ele é o baterista
do Sepultura agora", diz Paulo,
afirmando que Jean veio para
ficar. "Ele toca muito. Tem uma
pegada diferente, claro, mas tá
entrando na banda com uma
energia nova e muito tesão por
tocar, o que é bom", disse Paulo, defendendo a novidade.
As mudanças na formação da
banda, que poderiam ser uma
época de baixa, acompanham a
alegria do 11º lançamento.
"Dante 21" é "nosso filho mais
novo, mais querido no momento", diz Paulo, que se assume
como um "pai" orgulhoso.
Para compor "Dante 21", álbum conceitual, o Sepultura se
debruçou sobre "A Divina Comédia", de Dante Alighieri,
atualizando as idéias de inferno, purgatório e paraíso dessa
obra central do poeta italiano
do século 14.
Na adaptação das letras, o
tom pessimista do inferno domina o disco, já que é tema da
maior parte das composições.
Mas tudo culmina com a esperança de que há uma saída. A última frase que sai da garganta
de Derrick Green é "salvação".
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