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som
Marcelo D2 mistura hip hop e
música brasileira em seu 1º álbum solo
DANIEL POMPEU DE TOLEDO
free-lance para a Folha
Depois do enorme sucesso do
Planet Hemp com "Os Cães Ladram Mas A Caravana Não Pára",
Marcelo D2 retorna, misturando
hip hop e música brasileira em seu
primeiro álbum solo: "Eu Tiro É
Onda".
O CD deve ser lançado em agosto. Foi gravado quase inteiramente
no estúdio caseiro de D2, com a
produção dos DJs Zé Gonzales e
Rodrigo Nuts e mixado em Nova
York. As bases foram feitas a partir
de samples de música brasileira e
são recheadas de diálogos de filmes nacionais clássicos, como "O
Bandido da Luz Vermelha" e "Pixote".
Para desespero da moral e dos
bons costumes do brasileiro, tudo
isso serve de apoio para a língua
afiada de D2, que pela primeira
vez teve seu vocal registrado em
alto e bom som. Ele e Zé Gonzales
explicaram para a Folha o que está
por trás de "Eu Tiro É Onda".
Folha - Por que você resolveu
gravar um disco solo agora, no
momento em que o Planet Hemp
vive sua maior popularidade?
Marcelo D2 - A onda desse disco é provar que é possível gravar
um disco em casa, com qualidade
de fita demo. Além disso, eu queria
ter a experiência de fazer um disco
de hip hop, misturando samples
nacionais. A onda de gravar um
disco em casa é que você não tem
muita responsabilidade de vender
muito. Não foi para competir com
o Planet, para entrar no top 10. Pelo contrário.
Folha - Por que você escolheu o
americano Carlos Bass para mixar
o disco, que foi feito só com samples de música brasileira?
Marcelo D2 - Sendo um disco
de hip hop, eu achei legal chamar
um engenheiro especializado nisso. Eu conheci o trabalho dele por
meio do Wu Tang Clan. Ele trouxe
uma textura muito legal ao som.
Eu queria um som sujo, podre.
Folha - No disco vocês tiveram a
participação do pianista João Donato. Como foi gravar com ele?
Zé Gonzales - Dirigir o João
Donato foi engraçado: "Dá para o
senhor fazer assim e assim?". O
cara é o maior mestre, e a gente ficava meio sem jeito. Mas ele também entrou na onda. No final,
quando a gente já tinha desmontado tudo, ele falou: "Dá pra ajeitar
o microfone de novo? Eu tive uma
idéia". Aí ele gravou mais um take, que foi o definitivo na nova
versão de "Mantenha o Respeito". Depois, ficou contando histórias até as quatro da manhã.
Folha - Você finalmente fez um
cover. Por que escolheu Thaíde e
DJ Hum?
D2 - Na verdade a gente queria
uma participação do Thaíde, mas
não rolou, pois a gente estava tirando uma onda em casa. Quem
aparecia, gravava. E o Thaíde não
mora no Rio, não tinha como aparecer. Nunca fiz um cover. Fiz porque acho Thaíde e DJ Hum uma
coisa muito forte, pena que não tenha o reconhecimento merecido.
Eu também pensava isso dos Racionais antes de eles estourarem.
Folha - E a situação do Planet
Hemp?
Zé Gonzales - A gente nunca
desiste. É muito difícil. Quando a
gente consegue dar um show, a
banda fica muito feliz. Todo show
é muito bom porque a gente passa
muito tempo sem tocar.
D2 - Nesses seis anos juntos, a
gente foi para a cadeia, teve de fugir da polícia, sair na mão. Isso
cansa. Onde chegamos, somos recebidos como os marginais que
vieram destruir as famílias. Por isso resolvi dar um tempo, fazendo
um disco sem muito compromisso. Devemos começar a trabalhar
no novo do Planet no final do ano.
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