São Paulo, segunda-feira, 30 de março de 2009

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02 NEURÔNIO

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Quando até o Inri Cristo nos salva

DE VEZ EM QUANDO temos obsessão por alguma coisa. E a desta semana é por uma versão de "Rehab", da Amy Winehouse. Foi feita por Inri Cristo e se chama "Não Diga Não". Quem é Inri? Ele é uma das figuras mais enigmáticas do mundo, pois jura que é Jesus Cristo. E tem uma seita em que vive com seus seguidores, que andam com túnicas azul-bebê. No sítio da seita, elas ficam jogando sinuca. E ele fala com sotaque alemão, porque morava na Palestina (!).
No canal de Inri no YouTube, é possível assistir a várias versões "místicas" de hits da Madonna, da Britney e muitas outras pérolas. E, claro, ficamos viciadas. Afinal, a maior diversão de metade de humanidade é assistir a vídeos toscos na web.
Assistir a vídeos toscos é a versão moderna de ler revistas de fofocas. É uma espécie de meditação pop. Sim, quando estamos absortas vendo uma maluquice qualquer na internet nos esquecemos dos problemas básicos da nossa vida. Essa é uma maneira maravilhosa de simplesmente não pensar em nada. Não é isso que os iogues procuram com a meditação?
Quando estamos rindo do Inri Cristo -ou de uma repórter de moda tosca de Belo Horizonte que leva um fora da entrevistada depois de dizer que ela se vestia mal- nos esquecemos de que temos que estudar, trabalhar e pagar as contas. Ou, no caso dos mais novos, de que um dia teremos que trabalhar e pagar as contas (e será que vamos conseguir vencer?).
Nós nos esquecemos até de que nem sempre aqueles de quem a gente está a fim nutrem os mesmos sentimentos pela gente. E tem outra coisa, claro -em geral, vemos vídeos de pessoas mais toscas do que a gente. Ou que a gente considera mais tosca! E isso faz a gente se achar normal! Depois de assistir às discípulas de um homem que se diz filho de Deus cantando uma versão da Amy, nós nos achamos as pessoas mais normais do mundo.
O problema é que todo escapismo tem seu preço. Consequência: passamos todos os nossos dias vendo vídeos na internet e, por isso, deixamos de trabalhar, de estudar e até mesmo de fazer a unha. E o que fazemos depois? Ficamos culpadas, claro. E assistimos a mais um vídeo do Inri.


Momento de histeria


Eu digo que não vou parar de ver vídeos toscos na internet, eu digo não e não e não


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