São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 2008

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Sexo & Saúde

Jairo Bouer - jbouer@uol.com.br

Bebida e direção, não

NO ÚLTIMO dia 20 de junho, o presidente sancionou a nova lei do álcool no país.
Do ponto de vista prático, ela torna muito mais rigoroso o controle da associação entre bebida e direção. Agora, provavelmente, se você tomar uma cerveja ou um copo de vinho não vai poder voltar para casa dirigindo É lógico, então, que essa nova situação vai provocar um impacto na sua vida e na dos seus amigos. Quem for pego guiando sob a influencia de bebida estará cometendo uma infração gravíssima, poderá perder a carta por um ano e terá que pagar multa de quase mil reais.
Se estiver guiando com concentração de álcool mais elevada (superior a 0,6 dg por litro de sangue, valor até então tolerado pela lei antiga), poderá ser preso. E, se provocar algum tipo de acidente, poderá pegar uma pena ainda mais pesada -já que o juiz poderá enxergar "dolo" (intenção) em seu comportamento.
Parece duro, não? E é mesmo! Tanto é que a nova lei já está gerando protestos em diversos segmentos da sociedade. A lei traz para o Brasil um dos controles mais rígidos da combinação entre direção e álcool do mundo.
Mas essa rigidez tem seus motivos. Vários estudos mostram que a situação nas grandes cidades e estradas do país é dramática. Quase a metade dos acidentes que acontecem são provocados após o consumo de bebida.
Acidentes de carro são a segunda maior causa de morte entre os jovens (só perdem para os homicídios). De 30% a 40% dos motoristas têm algum nível de álcool no sangue nas noites dos fins de semana nas grandes cidades. O ministro da Saúde chegou a dizer que nós vivemos um verdadeiro "genocídio" nas estradas do país.
É claro que, no melhor dos mundos, as pessoas que bebem saberiam se controlar e não se aventurariam na direção. O autocontrole e a responsabilidade talvez eliminassem a necessidade de uma fiscalização rígida para a maior parte da população. Infelizmente, não é bem isso que acontece. Toda vez que a gente fala em mudança de hábito e de comportamento sabemos que é um processo lento, gradual, e que, em geral, é desencadeado por um fator externo. Por exemplo, as pessoas só passaram a usar cinto de segurança de forma regular depois de uma lei federal e de uma grande campanha de informação.
Você acredita, caro leitor, que uma mudança no perfil dos acidentes causados pelo álcool iria ser alcançada sem uma rigidez maior na lei e um maior controle por parte das autoridades? Honestamente, acho que não. Talvez alguns ajustes e interpretações ainda sejam necessários, mas que a nova lei e uma ampla campanha de educação e de informação são fundamentais para reverter o que acontece por aqui neste momento, isso elas são!


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