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MÚSICA
Caixa de CDs e novo disco, que traz o vocalista Rob Halford de
volta ao microfone, ressuscitam o bom e velho heavy metal
Judas Priest desenferrujado
DA REPORTAGEM LOCAL
Para muita gente, heavy metal, além de
sinônimo de som rápido e pesado,
com guitarras marcantes e vocal com
agudos acentuados, é também o mesmo
que um grupo de cabeludos em cima do
palco usando usando calças, jaquetas e coletes de couro cheios de pontas metálicas.
Se é essa a imagem que você faz do estilo,
saiba que, direta ou indiretamente, quem a
colocou na sua cabeça foi o grupo Judas
Priest, uma das mais puras representações
do gênero, ainda em atividade depois de
mais de 30 anos de sua formação, na cidade
de Birmingham, região industrial inglesa.
O grupo andou meio sem norte na última
década, após a saída de seu líder, o carismático vocalista Rob Halford, que, no início
dos anos 90, seguiu carreira solo, montou
uma banda e nesse tempo anunciou para o
mundo todo que é gay. Agora ele volta ao
lugar a que sempre pertenceu: a motocicleta envenenada na qual ele monta para iniciar os shows do Judas Priest.
O pacote do retorno dos donos do clássico "Breaking the Law" vem acompanhado
de uma caixa com cinco discos, que compilam apenas as faixas boas da extensa discografia da banda, e um álbum novo, "Angel
of Retribution", que sai no fim de fevereiro.
"Honestamente, acho que nem nós nem
Rob estávamos satisfeitos com o que fizemos nesses 12 anos separados, e os fãs fizeram muita pressão para que nos reuníssemos novamente para um disco novo", conta o guitarrista K. K. Downing, 53, o verdadeiro fundador do Judas Priest.
A volta de Rob surgiu de modo inusitado.
"Em 2003, ele nos convidou para a festa de
50 anos de casamento
dos pais dele e foi a primeira vez que nos reencontramos depois desses anos todos. Isso quebrou o gelo de alguma maneira. O próximo passo foi convidá-lo para
discutir a caixa de CDs que estávamos fazendo. Achamos que era importante ele
participar do projeto e acabamos vendo
que seria muito legal estarmos juntos de
novo", explica K. K., após ter tido um 2004
cheio: o grupo foi sensação no OzzFest, festival de Ozzy Osbourne que roda os EUA.
Para K. K., o fato de Rob ter saído do armário e se declarado gay não mudou em
nada a adoração por fãs de heavy metal.
"Ele anunciou depois de ter deixado a banda, o que não fez diferença para a gente. E é
claro que a gente sabia sobre a sexualidade
dele há muito tempo. No rock há outros
exemplos disso, como o de Freddie Mercury, do Queen, e isso não mudou nada para os fãs. O que importa é a música."
Nesses mais de 30 anos, a banda foi guerreira: sobreviveu ao punk, no fim dos anos
70, viveu a glória nos anos 80 e enfrentou o
peso do grunge dos anos 90. "No início dos
anos 90, parecia que uma era tinha acabado. Surgiram o grunge, o rock industrial, o
nu-metal. As bandas de heavy metal pareciam ter saído de moda. Creio que
com o novo disco traremos um
pouco de volta essa tradição", diz
K. K., que não se considera um
fã do "novo metal" de Linkin
Park, conhecido
por nu-metal.
"Tento ouvir o máximo de bandas novas,
mas gosto mesmo do
metal tradicional. Nu-metal não é heavy metal. Não acho
realmente novo. O problema é que faltam
bandas boas e discos de qualidade. Os jovens correm atrás dessas bandas para pelo
menos terem alguma coisa para comprar."
(LEANDRO FORTINO)
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