São Paulo, sábado, 4 de agosto de 2012

exposição

Boneco de fases

Exposição interativa aproxima crianças da história original do intrigante Pinóquio

ANDRÉA LEMOS
DE SÃO PAULO

Quando se fala em Pinóquio, a primeira coisa que costuma vir à cabeça é a ideia de um boneco mentiroso que é denunciado pelo próprio nariz.
Na exposição em cartaz no Sesc Belenzinho, em São Paulo (r. Padre Adelino, 1.000, Belenzinho; tel. 0/XX/11/ 2076-9700), Pinóquio é mais do que isso. É também curioso, rebelde, travesso e corajoso. Ele é, enfim, um boneco de fases.
Essa é a leitura que a artista Vera Uberti, diretora do evento, faz do livro de Carlo Collodi (1826-1890), pai de Pinóquio. Assim, na exposição, cada uma das nove instalações (a "Folhinha" destaca seis delas ao lado) representa uma das fases do personagem.
O visitante não só acompanha a transformação do boneco como faz parte dela, tocando, mexendo e brincando com as obras.
Em torno da exposição -que vai até o dia 18 de novembro-, foi organizado um grande ateliê, no qual as crianças exploram o livro "Pinóquio" por meio de jogos e oficinas.

MÁSCARAS FALANTES
A exposição tem nove salas. A segunda delas é escura, um pouco assustadora e, principalmente, muito curiosa. Mostra máscaras que não têm boca, mas falam. A obra é de um artista da Argélia e tem a ver com o momento do livro em que Pinóquio foge de casa e encontra o teatro de marionetes.

O CAMINHO DAS BOLAS
A sala Sonho Dourado representa a ilusão, o momento em que Pinóquio sai com o gato e a raposa para plantar moeda. É uma das partes que Vyni Takahashi, 14, mais gostou. "Dá vontade de sair correndo pelo meio das bolas." Vyni é dublador e faz a voz do boneco no áudio que guia a exposição.

QUEBRA-CABEÇA DE ESPONJA
Essa instalação não é assinada por nenhum artista, quem a constrói são os visitantes, com peças que lembram uma colmeia. Faz referência a fase em que o boneco de madeira trabalha muito, como as abelhas.

MAR DIGITAL
Quando Pinóquio está no País da Folia, ganha orelha de burro, fica triste e perde a noção de quem é. No livro, logo que sai dali, é jogado no mar e tem de enfrentar grandes ondas. Isabella Guarnieri, 11, acha que a sala "mostra como as coisas são difíceis e que Pinóquio está amadurecendo".

DESENHOS NA PAREDE
O espaço, com aparência de bagunçado, é o País da Folia de Pinóquio. Ali, tudo é permitido. Os visitantes deixam seus recados nos muros com caneta de verdade ou desenham numa prancheta. O que fazem é projetado nas paredes e se mistura aos desenhos dos outros.

QUEM É QUEM?
A exposição chega ao fim depois que cada visitante atravessa um caminho meio mágico, com cheiro de madeira. Enquanto anda, é seguido pela própria sombra, que tem a forma de Pinóquio.

PINÓQUIO SAI DO LIVRO

- De 1881 a 1883, a história do boneco de madeira foi publicada em partes em um jornal italiano para crianças. Em 1883, os capítulos foram reunidos, e assim nasceu a primeira edição do livro "As Aventuras de Pinóquio".

- A Disney adaptou o livro para desenho animado em 1940. No cinema, essa é a versão mais famosa, mas há outros filmes. Em 2002, o ator italiano Roberto Benigni interpretou o personagem do boneco, mas não agradou o público.

- Vários grupos de teatro levaram Pinóquio para o palco. Entre os espetáculos está o musical brasileiro do diretor Billy Bondde, de 2006, com 35 cenários diferentes e 40 cantores que cantavam e dançavam.

- No Brasil, Tatiana Belinky recontou as aventuras de Pinóquio em livro de 1997 (ed. Martins Fontes). Em 2011, a editora Cosac Naify traduziu integralmente a obra do italiano, em edição limitada.

- Em 2014, deve chegar ao cinema o Pinóquio em 3D. A expectativa é que tenha um espírito mais sombrio, próximo ao da história original. A co-direção é de Guillermo del Toro, que produziu "O Gato de Botas".

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