São Paulo, sábado, 16 de março de 2013

Tão perto, tão longe

Livros infantis dos vizinhos da América Latina têm dificuldade para chegar ao Brasil

BRUNO MOLINERO
ENVIADO ESPECIAL A BOGOTÁ

Morar no Brasil é como viver em um condomínio chamado América Latina. A diferença é que, no lugar de casas ou apartamentos, os vizinhos são países, como Argentina, Colômbia, Cuba ou México.
Já que são produzidos na mesma vizinhança, livros de escritores da América Latina chegam facilmente ao Brasil, certo? Errado.
"É mais fácil achar obras de norte-americanos ou noruegueses nas livrarias do que de escritores latino-americanos", diz a argentina María Teresa Andruetto, que em 2012 ganhou o Hans Christian Andersen, prêmio mais importante da literatura infantil.
A autora conversou com a "Folhinha" em Bogotá (Colômbia), durante o 2º Cilelij (Congresso de Literatura Infantil e Juvenil), que terminou há uma semana. Segundo Andruetto, o que causa essa "distância" entre o Brasil e os outros países da América Latina não é o idioma -o Brasil é o único país do bloco que fala português.
"A dificuldade não é traduzir. É preciso antes se tornar reconhecido na Europa. Só então conseguimos publicar no Brasil e em outros países vizinhos. Parece que não somos capazes de dizer o que é bom ou não", opina.
Antes de ganhar o Andersen, Andruetto tinha dificuldade para lançar seus livros fora da Argentina. "Só depois surgiram convites para publicar em alguns países latino-americanos. E olha que falamos o mesmo idioma [o espanhol]."
Para ela, porém, mudar é fácil: basta sair de casa e tocar a campainha do vizinho. "As crianças precisam aprender na escola a se interessar pelo que acontece na América Latina."

O jornalista BRUNO MOLINERO viajou a convite de Edições SM Brasil


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