São Paulo, sábado, 17 de novembro de 2012

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Rosa x azul

Por que meninas gostam tanto de cor-de-rosa e meninos odeiam? Sabia que antigamente era exatamente o contrário?

LOUISE SOARES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Por que as meninas gostam tanto de cor-de-rosa (e os meninos detestam)?

Por volta dos quatro anos, as meninas começam a escolher como vão se vestir e o que querem comprar. E elas querem tudo rosa. No máximo, lilás.
É a chamada "fase rosa". "Antes dos quatro anos, é a mãe quem veste a menina e muitas vezes opta pelo rosa. A partir dessa idade, a menina é quem pede rosa, porque identifica na cor o seu lado feminino", diz a psicóloga Angelina Belli, do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
"Ninguém nasce gostando de rosa, vai aprendendo desde criança com os brinquedos, a escola, a família. Acredito que as mães, que têm um papel importante nesse aprendizado, possam ensinar as filhas a usarem rosa de outro jeito, tirando a imagem de menina bobinha", opina Vivian Whiteman, colunista de moda da Folha.
Ela destaca dois personagens famosos pela cor rosa: "A Penélope Charmosa é mais cor-de-rosa no sentido clássico, uma coisa de mocinha indefesa, apesar de ser uma corredora. Mas acho a Pantera Cor-de-Rosa mais legal porque é um bicho que deveria ser preto, mas, inexplicavelmente, é rosa".

QUARTO BICOLOR
Os irmãos Nina, 6, e Enzo Ciraudo, 7, dividem o quarto. Na hora de escolher a decoração, o problema foi que Nina queria um quarto rosa e Enzo, azul.
A solução para agradar à dupla foi montar um quarto com as duas cores, metade rosa, metade azul. O lado de Nina é rosa, cheio de livros e bonecas das princesas e da Barbie. O de Enzo, azul, tem uma prateleira repleta de livros e carrinhos da marca Hot Wheels. Para completar, cada um dorme em uma cama em forma de carro, em sua cor preferida. "Rosa é uma cor muito bonita porque brilha", afirma Nina.
A menina é fã de personagens ligados à cor: a Barbie Princesa e a Popstar, que têm cabelo rosa, a Penélope Charmosa, com seu carro pink, e a cantora Chayene, de "Cheias de Charme", que morava numa casa rosa choque (a novela acabou em setembro, infelizmente, para Nina).
Enzo pensa diferente. "Rosa é uma cor muito chata!", acredita. Para ele, o azul é o melhor e só não serve para a camisa verde, branco e grená do seu time do coração, o Fluminense.

UNIFORME
Uma escola municipal em Pindamonhangaba (interior de São Paulo) adotou uniformes azuis e rosas para seus alunos. Algumas meninas até vestem a camisa azul para a aula, já os meninos nem olham para a versão rosa do uniforme.
"Se a menina pode, o menino deveria poder usar rosa também", disse a aluna Laura Araújo, 11. Eduardo Sturion, 11, já viu muita implicância de seus colegas com a cor. "Acho bobagem. É uma cor como outra qualquer", afirma Eduardo.
A turma do uniforme azul e rosa ficaria surpresa se soubesse que, antigamente, as preferências das cores eram invertidas. O azul era mais indicado para as meninas e o rosa, para os meninos.
A tendência de diferenciar meninos e meninas pela cor começou por volta do século 19. Só que eles usavam rosa, que lembra o vermelho, na época uma cor associada ao masculino, e as meninas, azul, que era considerada uma cor mais delicada.
Foi por volta da 1ª Guerra Mundial (1914-1918) que uma lenda modificou a tradição. Segundo a crença popular, as meninas nasciam de rosas e os meninos, de repolhos azuis. "Assim, o costume foi se estabelecendo", diz a consultora de moda Mariana Rocha, professora da Faculdade Santa Marcelina.

"Rosa é uma cor muito bonita porque brilha."
NINA CIRAUDO, 6
fã de rosa, garota tem uma cama em formato de carro nessa cor, mas divide o quarto com o irmão, que gosta de azul

"Rosa é uma cor muito chata."
ENZO CIRAUDO, 7,
fã de azul, garoto tem um cama em formato de carro nessa cor, mas divide o quarto com a irmã, que adora rosa

IGUAIS E DIFERENTES

No livro "É Meu!", a disputa entre rosa e azul não se dá entre menina e menino e sim entre duas irmãs gêmeas (as meninas no alta destas páginas). Para Fifi, tudo tem que ser rosa. Para Fabi, azul. Mas, com a ajuda de um coelhinho de pelúcia, as duas aprendem que ser diferente pode ser divertido, desde que haja respeito. (LM)

"É MEU!"
AUTORA Rachel Bright
EDITORA Caramelo
PREÇO R$ 34,90
INDICAÇÃO Leitura compartilhada a partir de 3 anos

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