São Paulo, sábado, 21 de julho de 2012

CAFUNÉ

Olha o saci!

CLARICE REICHSTUL
COLUNISTA DA FOLHA

Estamos passando as férias na serra da Bocaina (interior de São Paulo), e aqui vivemos falando sobre o saci.

Quando dá uma ventania danada, os pinhos balançam fazendo um barulho estranho, acho que é o saci! Quando a água do banho passa pela serpentina chiando feito bule, deve ser o saci! Quando ouvimos passos no forro da casa, com certeza é o saci.

Eles moram no taquaral ou numa matinha qualquer, mas preferem mesmo dormir nos gomos do bambu. Dizem por aí que, se você olhar um bambu por dentro, vai ver lá uma porção de bebês sacis dormindo, esperando a hora de nascer. Ainda não vimos nada disso por aqui, mas vivemos de olho.

Sempre que vem um redemoinho, é só olhar dentro dele que, batata, tem um saci lá no meio. Quando as vacas se perdem nas montanhas, pode apostar que é o saci que as levou para o mau caminho. Na estrada, quando estamos chegando ao alto da serra, tem uma placa, dessas de animais na pista, mostrando que aqui tem saci.

Antes de viajarmos para a Bocaina, fiz um acordo com o saci: pedi a ele que fosse a São Paulo cuidar da nossa casa em troca de um pote de melado. Além de ter a casa bem cuidada, de lambuja, não vamos encontrar o saci aqui fazendo suas travessuras, azucrinando o povo em troca de fumo para o seu cachimbo. Até agora ele não se manifestou. Acho que está se lambuzando no melado. Eu mesma não acredito em saci, mas que ele existe, ah, existe!


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