São Paulo, sábado, 27 de outubro de 2012

CAFUNÉ

Sofá pirata

CLARICE REICHSTUL
COLUNISTA DA FOLHA

Piratas, bucaneiros e corsários. À beira do cais, os marinheiros preparam a carga do navio, embarcam víveres, água potável, farinha, feijão, doces. As velas são brancas, o sol brilha forte nesse meio de manhã e estamos quase prontos para partir.
As almofadas do sofá formam o navio, o tapete é a prancha para lançar marinheiros rebeldes ao mar, a mesinha lá do lado é o bote e assim por diante. A tripulação é composta de bichos de pelúcia, bonecos de plástico e outros brinquedos.
Quando embarcamos no nosso sofá-navio, cada um se transforma no que quiser. O Benja, que não é bobo nem nada, é o capitão. Eu sou o primeiro-imediato, o pai do Benja é um marinheiro chinês. O Fofinho, cachorro de pelúcia, é um marinheiro corso, muito perigoso, diz a lenda que já afundou mais de mil caravelas em suas viagens. O Abelha, um bicho vermelho de asinhas brancas, é o famoso ex-capitão Barba Verde, que, depois de perder sua escuna, resolveu se juntar a nós, a famosa tripulação do Pérola Azul.
Navegamos pelos mares da sala aterrorizando o cesto dos jornais, saqueando a estante de discos e roubando iogurte de morango da geladeira. A Mimi fica louca e nos enxota da cozinha, dizendo que lá não é lugar de piratas e que assim ninguém vai almoçar.
Passamos o dia pirateando, para depois dormir sonhando com as ilhas e mares do sul, tesouros, maldições corsárias, o Capitão Jack Sparrow e o Pérola Negra.

Texto Anterior | Índice


Copyright Folha Online. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página
em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folha Online.