São Paulo, quinta-feira, 05 de agosto de 2004
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Quando chega a hora do filho, até professor de cursinho fica ansioso

DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar dos 30 anos de experiência como professor de cursinho, Juca Vieira, 55, afirma que, quando se trata de seus filhos, a ansiedade é igual à de todos os pais. "Não adianta, por mais que eu saiba como é, eu fico nervoso."
Foi assim com a filha mais velha, Paula, 19, que cursa enfermagem. Assim está sendo com Rodrigo, 17, que prestará vestibular no fim do ano. "E certamente ficarei nervoso quando chegar a vez da caçula, Vanessa, que está com 16 anos", diz. A adolescente, que pretende cursar veterinária, ganhou do pai um pônei. "É para ela se familiarizar com a profissão."
A experiência ajuda, segundo ele, no sentido de não deixá-lo transferir a sua ansiedade para os filhos. "Procuro palpitar o menos possível sobre a escolha da carreira. Apenas oriento em relação à prova e dou a retaguarda emocional de que eles precisam."
"Meu pai é muito tranqüilo. Se ele fica ansioso, não passa para mim. Não faz pressão. Ele me ajuda muito a estudar e também quando pergunto coisas relacionadas a profissões. Sei que quero algo na área de biológicas, mas não me decidi por uma profissão ainda", afirma Rodrigo.
Um pouco mais complicada foi a escolha da carreira de André Luiz Vieceli, 20. Não para ele, que desde o primeiro ano do ensino médio já havia se decidido pela área de audiovisual. Mas o pai, o bancário Moacir Vieceli, 52, se diz preocupado com o mercado de trabalho que o filho terá. "A carreira que o André escolheu é muito nova, por isso me perturba um pouco ele ter se restringido a apenas uma opção. Estou tentando convencê-lo a abrir um pouco mais o leque", afirma.
Para André, no entanto, a maior abertura possível é prestar também rádio e TV, para, depois de formado, fazer um curso de cinema. "Essa é a área da qual gosto e com a qual me identifico desde o colégio. Entendo a preocupação do meu pai. Ele tem receio do mercado de trabalho", diz. "Mas, apesar disso, não me pressiona. A maior pressão que sinto agora é a minha, pois já estou com 20 anos e é a segunda vez que faço cursinho. Sei que estou atrasado e isso me deixa ansioso."


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