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      São Paulo, quinta-feira, 08 de maio de 2003
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3º ANO E CURSINHO

OPÇÃO PELA DUPLA JORNADA DIMINUI O TEMPO DE ESTUDO EM CASA E DIFICULTA FAZER OUTRAS ATIVIDADES

Aluno deve pesar se preparação mais rápida compensa rotina estressante

ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Assistir a 12 ou 13 aulas por dia. Acordar às 5h30, só chegar em casa depois das 19h e ainda ter de estudar conteúdos diversos para objetivos diferentes. A rotina de quem opta por fazer cursinho enquanto está no terceiro ano do ensino médio é pesada. Antes de matricular-se, o vestibulando deve pesar se o esforço vale a pena.
Para se decidir, o estudante deve levar em conta o quanto está disposto a abrir mão de algumas atividades e o quanto realmente quer entrar em um curso disputado. "O jovem tem uma capacidade grande de fazer várias coisas, mas tem de haver interesse. Se for fazer cursinho e colégio ao mesmo tempo porque o pai quer, é complicado", disse Carlos Eduardo Bindi, coordenador do Etapa.
Segundo ele, ao optar pela dupla jornada, o vestibulando provavelmente não terá mais tempo para outras atividades diárias. Foi o que aconteceu com Patrícia Fernandes Audi, 17, que teve de abandonar as aulas de inglês e a academia de ginástica. Quando chega a sua casa à noite, ela muitas vezes não agüenta estudar. "Sinto que isso faz falta. Tem uma matéria ou outra que depois tira pontos nos simulados", disse ela, que pretende cursar medicina.
Estudar em casa, entretanto, é fundamental, segundo coordenadores de cursinho. "Dois períodos de aula é algo desgastante, mas o ideal é estudar no terceiro período", disse Antonio Mario Salles, coordenador do Objetivo.
Por esse motivo, Luiz Eduardo Vicentin, 19, optou por não fazer cursinho quando estava no colégio. "O bom de aprender é estudando, não só assistindo aula. Sei que não teria tido tempo para estudar em casa, então preferi não fazer cursinho", disse ele.
Sua amiga Vanessa Silva Suller Garcia, 17, também optou por fazer apenas o ensino médio. "Meu colégio era muito puxado. Teria tido problemas para tirar notas se fizesse as duas coisas", disse ela.
Já Alexandre Rodrigues, 16, acha que está valendo a pena estudar de manhã e à tarde. "As aulas do cursinho ajudam a entender as matérias do colégio", disse ele, que considera a pressão para ser aprovado neste ano menor.
Outra vantagem, segundo Ernesto Birner, coordenado do Anglo, é recordar as matérias enquanto elas ainda estão "frescas" na memória, além de fornecer uma base melhor para o ano seguinte, caso não seja aprovado.

Com o segundo ano
Para ter uma base melhor, Mariane Yacoub, 16, matriculou-se no meio do ano passado em um cursinho, mesmo ainda estando no segundo ano do ensino médio e não podendo cursar a faculdade caso fosse aprovada. Acabou ficando apenas duas semanas.
"Estava muito cedo ainda. Percebi que não entendia nada e não prestava atenção às aulas. Até teria uma base melhor se tivesse continuado, mas não tenho tanta pressa assim para entrar na faculdade", disse ela, que está no terceiro ano e hoje faz cursinho.
Já Nathalia Maluf, 17, também entrou no cursinho no segundo ano do ensino médio em 2002, mas seguiu até o final. "Acho que valeu a pena. Toda a matéria que aprendi no cursinho eu estou usando no colégio. Quando o professor explica a matéria, eu já conheço o assunto", disse ela, que pretende cursar medicina.


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