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DEU NA MÍDIA
Desafios na celebração dos 60 anos de Israel
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Criado no dia 14 de maio
de 1948, o Estado de Israel
nasceu marcado pelo signo
da controvérsia. Se para os
judeus representou a concretização do lar nacional,
um sonho antigo dos sionistas, para os árabes que habitavam a Palestina foi o marco de uma grande tragédia.
Numa votação realizada
em 29 de novembro de 1947,
a Assembléia Geral da ONU,
sob a presidência do brasileiro Oswaldo Aranha, determinou por 33 votos a favor e
13 contra a partilha da Palestina. Um Estado árabe e um
judeu, divididos em sete
áreas de ocupação. Três destinadas aos judeus, cobrindo
56% do território, mais três
aos árabes, que ficaram com
43%, enquanto Jerusalém, a
sétima área, ficaria sob administração internacional.
O nascimento de Israel foi
entendido pelos Estados
árabes como declaração de
guerra. Tropas do Egito, da
Jordânia, da Síria e do Iraque atacaram o novo país,
mas foram vencidas. Com
milhares de mortos, a Guerra da Independência (1948-1949) enterrou o mapa da
partilha proposto pela ONU.
O armistício definiu novas
fronteiras. Gaza passou ao
controle do Egito; com a Jordânia ficou, além da parte
Oriental de Jerusalém, a Cisjordânia, e Israel ampliou
em mais de 20% o seu território. Segundo a ONU, cerca
de 700 mil árabes fugiram,
deixando suas terras.
Após a Guerra dos Seis
Dias, em 1967, o mapa da Palestina assumiria novos contornos. Numa batalha em
que Israel derrotou Egito,
Jordânia e Síria, conquistou
as colinas de Golã (Síria), a
faixa de Gaza, a península do
Sinai (Egito), a Cisjordânia e
Jerusalém Oriental (Jordânia). Gaza e Cisjordânia,
densamente povoadas por
palestinos, foram ocupadas
militarmente por Israel.
Na contabilidade desses
60 anos, não faltam episódios trágicos. Afinal, foram
anos de intifada (resistência
palestina) e terrorismo que
geraram uma brutal desconfiança entre árabes e judeus.
Muitos, inclusive, estão convencidos de que esses povos
não se empenham pela paz e
seguem sua sina de sustentar
um conflito sem solução.
Hoje, sob a perspectiva palestina, os obstáculos à paz
esbarram, em grande parte,
na construção do muro da
Cisjordânia e na ampliação
de assentamentos em seus
territórios. Sob a ótica do povo de Israel, a maior barreira
são as constantes ameaças
de atentados terroristas praticados por extremistas palestinos. De qualquer modo,
sem a superação do ódio e da
desconfiança, será difícil retomar as negociações e restabelecer um roteiro em direção a uma paz definitiva.
ROBERTO CANDELORI é professor do
colégio Móbile
rcandelori@uol.com.br
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