São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 2008
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DEU NA MÍDIA

Desafios na celebração dos 60 anos de Israel

ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Criado no dia 14 de maio de 1948, o Estado de Israel nasceu marcado pelo signo da controvérsia. Se para os judeus representou a concretização do lar nacional, um sonho antigo dos sionistas, para os árabes que habitavam a Palestina foi o marco de uma grande tragédia.
Numa votação realizada em 29 de novembro de 1947, a Assembléia Geral da ONU, sob a presidência do brasileiro Oswaldo Aranha, determinou por 33 votos a favor e 13 contra a partilha da Palestina. Um Estado árabe e um judeu, divididos em sete áreas de ocupação. Três destinadas aos judeus, cobrindo 56% do território, mais três aos árabes, que ficaram com 43%, enquanto Jerusalém, a sétima área, ficaria sob administração internacional.
O nascimento de Israel foi entendido pelos Estados árabes como declaração de guerra. Tropas do Egito, da Jordânia, da Síria e do Iraque atacaram o novo país, mas foram vencidas. Com milhares de mortos, a Guerra da Independência (1948-1949) enterrou o mapa da partilha proposto pela ONU.
O armistício definiu novas fronteiras. Gaza passou ao controle do Egito; com a Jordânia ficou, além da parte Oriental de Jerusalém, a Cisjordânia, e Israel ampliou em mais de 20% o seu território. Segundo a ONU, cerca de 700 mil árabes fugiram, deixando suas terras.
Após a Guerra dos Seis Dias, em 1967, o mapa da Palestina assumiria novos contornos. Numa batalha em que Israel derrotou Egito, Jordânia e Síria, conquistou as colinas de Golã (Síria), a faixa de Gaza, a península do Sinai (Egito), a Cisjordânia e Jerusalém Oriental (Jordânia). Gaza e Cisjordânia, densamente povoadas por palestinos, foram ocupadas militarmente por Israel.
Na contabilidade desses 60 anos, não faltam episódios trágicos. Afinal, foram anos de intifada (resistência palestina) e terrorismo que geraram uma brutal desconfiança entre árabes e judeus.
Muitos, inclusive, estão convencidos de que esses povos não se empenham pela paz e seguem sua sina de sustentar um conflito sem solução.
Hoje, sob a perspectiva palestina, os obstáculos à paz esbarram, em grande parte, na construção do muro da Cisjordânia e na ampliação de assentamentos em seus territórios. Sob a ótica do povo de Israel, a maior barreira são as constantes ameaças de atentados terroristas praticados por extremistas palestinos. De qualquer modo, sem a superação do ódio e da desconfiança, será difícil retomar as negociações e restabelecer um roteiro em direção a uma paz definitiva.


ROBERTO CANDELORI é professor do colégio Móbile

rcandelori@uol.com.br


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