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BIOLOGIA
O sobe-e-desce dos esportes radicais
FABIO GIORDANO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Você que nas férias está pensando em praticar algum esporte
radical saiba que todos eles envolvem algum risco. Se você é adepto
do mergulho autônomo, deve saber que, a cada dez metros de profundidade, a pressão exercida sobre o corpo aumenta em uma atmosfera. Os valores aceitáveis para mergulho com ar comprimido
são de cerca de 60 metros (uma
pressão de sete atmosferas)
Nesse esporte, o ar comprimido
num cilindro de mergulho faz
com que a pressão dos gases nitrogênio e oxigênio torne-se bem
maior e, com isso, corre-se o risco
de envenenamento.
Pode parecer estranho morrer
envenenado por oxigênio, mas,
na verdade, a alta pressão de oxigênio faz com que as células tenham funções metabólicas anormais, principalmente no cérebro,
causando abalos musculares,
convulsões e coma. No caso do nitrogênio, quando em alta pressão,
dissolve-se nos tecidos e exerce
um efeito anestésico sobre o sistema nervoso central, semelhante
ao estado de embriaguez.
O perigo também é grande se
subirmos muito rapidamente à
superfície, sem levarmos em consideração o período para que haja
descompressão dos gases, que se
expandem e formam bolhas de ar
indesejáveis em nossos vasos sanguíneos (embolia).
Se você gosta de altitudes e pratica alpinismo ou balonismo, saiba que, nesse caso, o risco está na
baixa pressão atmosférica. Segundo o especialista americano em fisiologia Arthur Guyton, o nível
mais baixo de pressão ao qual
uma pessoa sobrevive é aquele em
que a saturação de oxigênio no
sangue é menor que 50%. Sendo
assim, em média, o teto para uma
pessoa não aclimatada praticar
esses esportes sem equipamento
de oxigênio é 6.900 metros.
Os esportes radicais geralmente
só apresentam acidentes quando
há um perigoso fator de risco: a
falta de informação.
Fabio Giordano é bacharel em biologia,
doutor em ecologia pela USP e professor-pesquisador da Unisanta. E-mail:
giordano@unisanta.br
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