São Paulo, terça-feira, 10 de outubro de 2006
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Vale a pena saber

FÍSICA

Plutão é rebaixado à categoria de planeta-anão

TARSO PAULO RODRIGUES
ESPECIAL PARA A FOLHA

No final de agosto, após uma semana de debates, os vários cientistas reunidos na cidade de Praga, em assembléia geral da IUA (União Astronômica Internacional), decidiram por consenso "rebaixar" Plutão para a categoria de planeta-anão. Entre os fatores que determinaram a decisão se encontram a excentricidade da órbita (trajetória muito elíptica) e as pequenas dimensões do distante e gélido astro.
No Sistema Solar, todos os planetas possuem órbitas praticamente coplanares, ou seja, se movimentam num mesmo e grande plano em torno do Sol. Plutão, não. Sua órbita está inclinada de 17 em relação à eclíptica -plano que contém a órbita da Terra em torno do Sol.
Em alguns trechos de sua órbita, Plutão está mais perto do Sol do que Netuno, que é 20 vezes maior. A acentuada inclinação e a peculiaridade de sua trajetória fazem com que Plutão não seja o objeto dominante em sua órbita. Assim, o astro não pode ser mais considerado um planeta (corpo celeste em órbita do Sol, com massa suficiente para assumir uma forma quase esférica e que tenha eliminado outros corpos da vizinhança ao redor de sua órbita).
Outro argumento que se somou para o "rebaixamento" é sua pequena dimensão. Quando foi descoberto, em 1930, as primeiras observações consideraram-no muito maior do que seu tamanho real. O planeta-anão ou planetóide possui 2.320 km de diâmetro, muito menor do que a Terra (12.750 km) e, até mesmo, do que a Lua terrestre (3.480 km), e a sua massa é cerca de 0,25% a da Terra e 25% da massa da Lua.
Plutão ainda rivaliza com a sua própria lua, Caronte, que dista somente 19.600 km e possui um diâmetro de 1.270 km, bastante grande comparado com o de Plutão.
O sistema Plutão-Caronte pode ser considerado um planeta binário, pois os dois descrevem trajetórias circulares em torno de um ponto comum -o centro de massa do conjunto, que se movimenta em torno do Sol e completa a volta a cada 250 anos, aproximadamente.
Vale lembrar que, na mitologia, Plutão era o deus dos mortos e reinava no Mundo Subterrâneo. Um de seus ajudantes era Caronte, o barqueiro que guiava uma balsa com as almas dos mortos pelo rio Aqueronte até o reino do submundo de Plutão. Uma combinação mortal!


TARSO PAULO RODRIGUES é professor e coordenador de física do Colégio Augusto Laranja e da Nova Escola

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