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Trote promove integração de alunos
Sem violência, eventos do início das aulas são chance de conhecer faculdade e fazer amigos
Duzzek Alves - 5.fev.2007/"Comércio da Franca"
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Calouros durante trote na Unifran, em que a universidade criou programa de recepção de alunos |
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Carlos Eduardo Rizzo e Silva,
18, que está no segundo ano da
faculdade de engenharia na
USP, lembra bem de seu primeiro dia na universidade.
"Depois que fiz a matrícula,
fui para o trote, cortaram meu
cabelo e me pintaram inteiro.
Eu queria isso, estava muito feliz, queria gritar, zoar", conta.
Ele participou do futebol de sabão, andou com uma melancia
na cabeça, fez pedágio. "Valeu a
pena participar. É um estágio
da vida que não volta mais", diz.
O estudante diz que só não
gostou de ver alguns veteranos
se excederem. "Não aconteceu
comigo, mas vi veterano obrigando calouro a pular na lama e
a pagar cerveja", lembra.
O trote é um dos grandes fantasmas da entrada na universidade. As brincadeiras que deveriam coroar o momento de alegria dos calouros acabam, vez
ou outra, com violência.
O caso mais grave ocorreu
em 1999, quando o calouro do
curso de medicina da USP Edison Tsung Chi Hsueh foi achado morto na piscina da atlética
após uma festa de recepção aos
calouros. Até hoje os acusados
não foram punidos.
Depois disso, as universidades e estudantes passaram a se
unir para organizar festas mais
saudáveis e fica cada vez mais
comum a prática do trote cidadão, em que os calouros participam de atividades sociais, como coleta de livros e alimentos
e doação de sangue, em vez de
serem humilhados.
Há até premiação para os
projetos de trote cidadão mais
interessantes. A Fundação
Educar DPaschoal vai premiar
os três melhores projetos com
um curso sobre voluntariado
no espaço acadêmico.
"O objetivo é incentivar a
mudança do trote humilhante
para o cidadão", diz Camila Bellenzani, coordenadora de projetos da fundação.
Na Faculdade de Engenharia
da Unesp de Bauru, o trote só
vai ser permitido na semana de
recepção e será monitorado por
professores e funcionários.
"Antes, na matrícula, será coibido e haverá a distribuição de
orientações sobre o assunto",
diz Jair de Souza Manfrinato,
vice-diretor da faculdade.
No ano passado, seis veteranos da faculdade aplicaram trote violento em calouros e, por
isso, sofreram processo administrativo. "Neste ano, três deles quiseram participar da semana de recepção aos calouros
e os outros três tiveram de ser
obrigados", conta o professor.
Segurança reforçada
Na Unifran (Universidade de
Franca, no interior paulista),
onde no ano passado o então
calouro Thiago Rosa Caretta,
22, foi vítima de queimadura
por um produto químico durante o trote, a segurança foi reforçada nos primeiros dias de
aula.
Além disso, a universidade
criou um programa de recepção aos calouros chamado "Salve Bixo!". As turmas de estudantes que conseguirem mais
doações de alimentos e de sangue ganharão prêmios, como
TV e DVD, máquina fotográfica
e aparelho de mp3. Haverá ainda palestras sobre voluntariado
e responsabilidade social
empresarial.
Na USP, Carlos Eduardo, que
considera ter sido bem-recebido pelos veteranos no ano passado, participa agora dos preparativos do Grêmio Politécnico para a recepção aos calouros
e promete se esforçar para tornar a festa calorosa.
"Quero mostrar a universidade para eles e mostrar que temos que participar de alguma
coisa, além de estudar .Pode ser
do grêmio, da atlética, do movimento estudantil. A universidade é o momento para viver
tudo", afirma.
(FN)
Colaborou GABRIELA YAMADA , da Folha Ribeirão
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