São Paulo, terça-feira, 13 de maio de 2008
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ATUALIDADES

A repercussão do Maio de 68 no mundo

"Estamos inventando um mundo novo e original. A imaginação tomou o poder."


De um pôster exibido na Universidade de Paris-Sorbonne em maio de 1968

ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Há 40 anos, milhares de jovens franceses tomaram as ruas de Paris e ergueram barricadas em um protesto histórico que se converteu num símbolo da luta contra o autoritarismo.
Estudantes, liderados por Daniel Cohn-Bendit -conhecido como Dany, o Vermelho- protestavam contra o conservadorismo das autoridades universitárias, quando a polícia coibiu as manifestações.
Policiais ocuparam o Quartier Latin, transformando o reduto estudantil numa praça de guerra. A brutalidade da polícia motivou o apoio da opinião pública francesa para a luta dos estudantes. Solidários, os sindicatos organizaram uma greve geral que mobilizou milhões de trabalhadores. No centro da cena, os universitários gritavam slogans como: "Sejamos realistas, exijamos o impossível" e "Se queres ser feliz, prende o teu proprietário".
Os acontecimentos na França repercutiram no mundo. No contexto da Guerra Fria, os jovens norte-americanos protestavam contra a Guerra do Vietnã, e os negros, inspirados nas idéias de Martin Luther King -assassinado em abril de 1968-, lutavam pelos direitos civis. O movimento feminista colocava em xeque a supremacia masculina, reivindicando um novo papel para a mulher na sociedade.
Na esteira da contracultura e do movimento hippie, surgiam o rock, os Beatles e a guitarra de Jimi Hendrix.
No Leste Europeu, do outro lado da Cortina de Ferro, os jovens da antiga Tchecoslováquia protestavam exigindo democracia ou um "socialismo com face humana". Mas as tropas soviéticas do Pacto de Varsóvia esmagaram os sonhos da Primavera de Praga.
Estimulados pelos ventos de Paris, os estudantes brasileiros se rebelavam contra a ditadura instaurada pelo golpe militar de 1964. No Rio de Janeiro, protestos no restaurante Calabouço provocaram a morte do estudante Edson Luís de Lima Souto, e milhares de cidadãos foram às ruas engrossar a "marcha dos cem mil". No congresso da UNE em Ibiúna, muitos foram à prisão, e, para fechar o ano, os militares decretaram o AI-5 (Ato Institucional nº 5), que encerrou as atividades do Congresso Nacional.
Muitos deixaram o país, outros fizeram da arte a trincheira de seu combate. Como Geraldo Vandré, em "Pra Não Dizer que Não Falei das Flores", que se transformou num hino contra a ditadura e endossou a luta dos jovens de maio de 68:
"Quem sabe faz a hora / Não espera acontecer".


ROBERTO CANDELORI é professor do colégio Móbile

rcandelori@uol.com.br


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