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ATUALIDADES
A repercussão do Maio de 68 no mundo
"Estamos inventando um mundo novo e original. A imaginação
tomou o poder."
De um pôster exibido na
Universidade de Paris-Sorbonne
em maio de 1968
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Há 40 anos, milhares de jovens franceses tomaram as
ruas de Paris e ergueram barricadas em um protesto histórico
que se converteu num símbolo
da luta contra o autoritarismo.
Estudantes, liderados por
Daniel Cohn-Bendit -conhecido como Dany, o Vermelho-
protestavam contra o conservadorismo das autoridades
universitárias, quando a polícia
coibiu as manifestações.
Policiais ocuparam o Quartier Latin, transformando o reduto estudantil numa praça de
guerra. A brutalidade da polícia
motivou o apoio da opinião pública francesa para a luta dos
estudantes. Solidários, os sindicatos organizaram uma greve
geral que mobilizou milhões de
trabalhadores. No centro da cena, os universitários gritavam
slogans como: "Sejamos realistas, exijamos o impossível" e
"Se queres ser feliz, prende o
teu proprietário".
Os acontecimentos na França repercutiram no mundo. No
contexto da Guerra Fria, os jovens norte-americanos protestavam contra a Guerra do Vietnã, e os negros, inspirados nas
idéias de Martin Luther King
-assassinado em abril de
1968-, lutavam pelos direitos
civis. O movimento feminista
colocava em xeque a supremacia masculina, reivindicando
um novo papel para a mulher
na sociedade.
Na esteira da contracultura e
do movimento hippie, surgiam
o rock, os Beatles e a guitarra de
Jimi Hendrix.
No Leste Europeu, do outro
lado da Cortina de Ferro, os jovens da antiga Tchecoslováquia
protestavam exigindo democracia ou um "socialismo com
face humana". Mas as tropas
soviéticas do Pacto de Varsóvia
esmagaram os sonhos da Primavera de Praga.
Estimulados pelos ventos de
Paris, os estudantes brasileiros
se rebelavam contra a ditadura
instaurada pelo golpe militar
de 1964. No Rio de Janeiro,
protestos no restaurante Calabouço provocaram a morte do
estudante Edson Luís de Lima
Souto, e milhares de cidadãos
foram às ruas engrossar a
"marcha dos cem mil". No congresso da UNE em Ibiúna, muitos foram à prisão, e, para fechar o ano, os militares decretaram o AI-5 (Ato Institucional
nº 5), que encerrou as atividades do Congresso Nacional.
Muitos deixaram o país, outros fizeram da arte a trincheira de seu combate. Como Geraldo Vandré, em "Pra Não Dizer que Não Falei das Flores",
que se transformou num hino
contra a ditadura e endossou a
luta dos jovens de maio de 68:
"Quem sabe faz a hora / Não
espera acontecer".
ROBERTO CANDELORI é professor do colégio
Móbile
rcandelori@uol.com.br
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