São Paulo, quinta-feira, 15 de janeiro de 2004
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A HORA DA CANETA VERMELHA

Critério de correção só é definido após realização de prova

CONFRONTAM-SE AS RESPOSTAS DOS ALUNOS E O GABARITO PARA DAR BASE AOS PONTOS ATRIBUÍDOS

ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

É inevitável que o candidato, ansioso depois das provas dissertativas, queira saber quantos pontos conseguiu. Entretanto, mesmo sabendo as respostas corretas, ele não conseguirá calcular a sua nota. Os critérios de correção dos grandes vestibulares só são definidos após uma análise das respostas de uma parte dos candidatos.
Nos cinco vestibulares para universidades públicas do Estado de São Paulo (Fuvest, Unicamp, Unesp, Unifesp e UFSCar), o processo de correção começa com a análise de uma amostra de 80 a 100 provas daquele ano, confrontando-as com o gabarito feito pelo elaborador das questões.
De acordo com o que os vestibulandos responderam, são estabelecidos os critérios e a chamada grade de correção, que determina a pontuação que o candidato receberá por ter chegado a um ponto da solução. Se os candidatos, por exemplo, responderam mais do que o esperado pelo elaborador, os critérios serão mais rígidos, mas a correção será mais branda se as respostas não tiverem sido tão completas.
"O importante é que todos os elaboradores utilizem os mesmos critérios e que eles sejam os mesmos para todos os candidatos", disse Roberto Costa, da Fuvest.
Para garantir a uniformidade dos critérios, em todos os cinco exames, os examinadores passam por um treinamento. Para que um corretor não possa prejudicar a prova inteira de um candidato e para que os critérios sejam mais homogêneos, em nenhuma das cinco universidades o mesmo examinador corrige toda a prova.
Na Fuvest, cada um é responsável apenas por uma página do exame, ou seja, duas questões. Na Unesp, na UFSCar e na Unifesp (vestibulares feitos pela Vunesp), cada professor examina no máximo três perguntas de cada prova.
Já na Unicamp, cada um fica com só uma questão. "Fazendo apenas a mesma questão de todas as provas, nós garantimos uniformidade. Além disso, outra medida é agruparmos as provas dos candidatos da mesma carreira para serem corrigidas de uma vez, já que eles só competem entre si", disse Leandro Tessler, da comissão de vestibulares.
A Unicamp é a única das cinco que adota para todas as questões dois corretores independentes, que não sabem a pontuação dada pelo outro. Caso a diferença entre as duas notas seja menor que um ponto, é feita uma média. Caso seja maior, a prova vai para um terceiro corretor, geralmente o presidente da banca ou um monitor, que verifica se houve desvio do critério e dá uma nota final.
Já na Fuvest, a prova é recorrigida por outro examinador. Se existir divergência, há uma avaliação para chegar a um acordo. Além disso, os diretores da fundação fazem um controle de qualidade em cerda de 5% a 10% dos exames.
Na Vunesp, todos os dias antes de começar a correção, há uma revisão de algumas das provas analisadas no dia anterior. "Cada examinador revisa por volta de cem notas dadas por outros corretores no dia anterior", disse Fernando Dagnoni Prado, diretor acadêmico da Vunesp.


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